terça-feira, 27 de julho de 2010

Capítulo 6 – Conhecendo a loja da grife “Blanc”

PDV Thaís
Logo depois do café da manhã, o Taylor chegou pra irmos pro colégio. Ele continuava brigado com a Selena e disse que já que não teria que buscá-la em casa, passaria aqui. Eu tentei recusar o pedido, mas ele não me deu ouvidos.
Fomos o caminho todo em silêncio, mas era um silêncio confortável.
Quando chegamos, a Selena estava o esperando na estrada do colégio. Percebi que ela não ia querer a minha presença, então fui direto pra sala de aula, torcendo pra Nathe já estar lá. Antes de sair, dei um beijo na bochecha do Taylor e senti um olhar mortal da Selena nas minhas costas.
Cheguei à sala gargalhando, e como a Nathe já estava em seu lugar de sempre, ela começou a me fazer perguntas:
- Qual o motivo da risada? – Ela perguntou curiosa.
- Bom dia pra você também Nathe. – Eu disse gargalhando ainda.
- Ops. Bom dia. Mas e então... Qual o motivo? – Ela tentou de novo.
- A Selena. – Respondi rindo.
- O que ela fez dessa vez? – Ela perguntou ainda mais curiosa.
- Nada de muito diferente, mas acho que ela ainda está brava com o Tay. – Respondi.
- Espero que ele canse desses showzinhos dela e termine logo esse namoro. – Ela falou sorrindo.
- Acho que vamos saber daqui a pouco. – Falei olhando pra porta, esperando o Taylor aparecer.


PDV Taylor
Acordei tenso, porque além de ter que enfrentar a Selena, eu teria que levar a minha pequena pro colégio. Não que isso seja ruim, até porque eu que insisti em levá-la, mas a proximidade dos nossos corpos me deixa maluco.
Levantei, me arrumei e fui até a casa dela para chamá-la. Ela já estava pronta e como sempre estava linda. Ela veio até meu carro e logo depois nós saímos.
Fomos o caminho todo em silêncio, mas mesmo assim foi confortável.
Chegamos ao colégio e a Selena me esperava na entrada. Droga! Vou ter que enfrentá-la logo de manhã cedo.
A Tatah me deu um beijo na bochecha e saiu. Quando ela estava andando em direção a sala, vi a Selena a fuzilando com os olhos, mas preferi ignorar.
A mesma então se aproximou e começou a conversa:
- Você não me dá mais atenção amorzinho.
- Não é verdade. Você está exagerando. – Disse seco.
- Não, não estou. Você não me ama mais. – Ela falou manhosa. Espera. Como eu vou deixar de amar alguém que eu nunca amei?
- Não é nada disso Selena. – Falei.
- É sim. Viu só, agora você só me chama pelo nome, antes me chamava de amor. – Ela falou fazendo biquinho.
- Você ta viajando. – Eu disse revirando os olhos.
- Não to Taylor. Você está me trocando por aquelazinha. – Ela realmente me tirava do sério quando começava com essa história de tratar a Thaís como uma qualquer.
- Nunca mais fale assim da Tatah. – Eu falei irritado.
- Você ainda vai gritar comigo por causa dela? – Ela perguntou incrédula.
- Eu não estou gritando. – Respondi e depois respirei fundo pra me acalmar.
- Garanto que ela está por trás disso. – Ela falou bufando.
- Por trás disso? Disso o que? – Perguntei levantando a sobrancelha.
- Desse seu comportamento estranho. – Ela respondeu.
- Você realmente está exagerando Selena. – Essa conversa já estava enchendo meu saco.
- Deixa ela pra lá e vamos passar um tempo sozinhos em algum lugar. – Ela propôs enquanto aproximava seu corpo do meu. Sem pensar eu a afastei. Ela não entendeu nada e eu preferi explicar.
- Selena... Acho melhor a gente terminar. – Falei sério.
- Como assim terminar? Eu não quero terminar! – Ela me olhou com descrença.
- Não estou te perguntando. Estou te informando que nós estamos dando um tempo nesse namoro. – Eu disse.
- Você não pode fazer isso. Eu NÃO quero terminar. – Ela falou aumentando o tom da voz.
- Já está decidido. Agora, se você me der licença, eu tenho uma aula pra assistir. – Falei e sai andando, mas antes de entrar na sala eu a ouvi gritando:
- VOCÊ NÃO PODE TERMINAR COMIGO ASSIM TAYLOR. AQUELAZINHA NÃO VAI QUERER FICAR COM VOCÊ.
Respirei fundo e apesar de não ter adiantado nada, eu entrei na sala.
A Nathe e a Thaís me olharam e pelas expressões faciais, as duas estão curiosas.
Sentei em uma cadeira ao lado da Tatah e atrás da Nathe. Não demorou nem um minuto pras duas me encherem de perguntas.


PDV Nathalia
Cheguei ao colégio e fui direto pra sala de aula esperar o Tay e a Thaís.
Faltando dez minutos pra bater o sinal, a Tatah entrou na sala, mas ela estava sozinha e gargalhando alto. Fiquei curiosa e assim que ela sentou, eu perguntei qual era o motivo da graça. Ela respondeu que era a Selena e que o Taylor estava discutindo a relação com ela. Sorri só de pensar que o Taylor podia estar terminando com ela naquele momento.
Oito minutos depois ele entrou na sala bufando e eu sorri mais internamente com a possibilidade do fim do romance do Tay com a mocoronga. Resolvi acabar logo com o suspense.
- Bom dia Tay. E ai? Como foi a conversa com a Seleninha linda? – Perguntei sarcasticamente.
- É Taylor. Conta pra gente. – A Thaís pediu impaciente.
- Nós terminamos. – Ele falou indiferente, eu sorri largamente e os olhos da Thaís brilharam.
- Jura? – Perguntei ainda não acreditando no que ele acabou de me falar.
- Sim. – Ele respondeu sério.
- Você ta bem Tay? – Perguntou a Thaís o olhando com preocupação.
- Não sei. – Ele respondeu olhando pro chão.
- Sinto muito pelo termino do namoro, mas logo vocês se acertam. – A Thaís falou com uma expressão triste no rosto, levantou da sua cadeira e o abraçou. Ele correspondeu ao abraço e colocou o seu rosto no pescoço dela. Eles ficaram assim até o professor entrar na sala e pedir pra todos sentarem. A Tatah então fez um último carinho no cabelo do Tay e sentou.
Olhei pros dois e ambos estavam com os olhos marejados. A Thaís provavelmente por ver o sofrimento do Taylor, já ele eu realmente não sei e me recuso a acreditar que é por causa da mocoronga. Terei que conversar com ele no intervalo.


PDV Thaís
Quando o Taylor entrou na sala eu fiquei curiosa, principalmente por ele estar irritado.
Será que ele brigou mais com a Selena? Ou será que eles se acertaram e ele estava irritado por ter que ficar longe dela?
A curiosidade estava me matando e a Nathe percebendo isso, acabou com a tortura e perguntou pra ele como tinha sido a conversa. Ele confessou que eles tinham terminado e por mais estranho que possa ser, eu senti uma felicidade imensa me invadir enquanto a Nathe sorria. Eu sei que eu não queria que o Tay estivesse com aquela aproveitadora, mas mesmo assim não fazia sentido eu ficar tão alegre com a notícia.
A Nathe pareceu não acreditar e perguntou se era verdade, ele confirmou, mas eu não percebi felicidade na sua voz, pelo contrario, senti que ele não estava bem. Resolvi perguntar para tirar a minha dúvida, ele apenas respondeu que não sabia. Sem pensar muito eu levantei e o abracei. Ele passou seus braços pela minha cintura e colocou seu rosto no vão do meu pescoço enquanto eu afagava seu cabelo.
Um tempo depois o professor chegou, eu lhe fiz um último carinho e sentei no meu lugar. Estava com os olhos marejados, não por descobrir que o Tay gosta da Selena, e sim por ele sofrer por ela e ela não merecer.


PDV Taylor
Apesar de estar aliviado com o termino do namoro com a Selena, eu não estou feliz. Na verdade, eu estou confuso com tudo o que está acontecendo.
Eu precisava desabafar e logo. Quando a minha pequena perguntou se estava tudo bem eu não soube responder. Ela percebendo que eu precisava de ajuda, levantou e me abraçou. Correspondi e afundei meu rosto em seu pescoço pra sentir o seu cheiro que tanto me acalma. Funcionou, mas quando o professor chegou, ele pediu pra cada um sentar em seu lugar e a calma que eu estava sentindo desapareceu, dando lugar ao desespero. Meus olhos ficaram marejados só em pensar na possibilidade de ficar sem a Tatah por perto e acho que a Nathe percebeu. Droga! Vou ter que responder a um questionário no intervalo.


PDV Thaís
As aulas se arrastaram e eu ainda continuava preocupada com o meu melhor amigo.
Assim que o sinal bateu, eu levantei e peguei a mão dele.
- Vamos Tay. – Falei sorrindo.
- E eu? – A Nathe perguntou fazendo biquinho.
- Você também, né amiga?! – Falei pegando a mão dela também.
Logo que saímos da sala o Taylor passou um dos seus braços nos meus ombros e me puxou pra mais perto. Eu olhei pra Nathe e ela estava com um sorriso sacana no rosto.
Quando chegamos ao refeitório todos os olhares foram direto pra nós, o Taylor não me soltou e eu como sempre, corei. Olhei pra cima e vi um Taylor sorridente, então decidi ignorar todo o resto.
Não tinha visto a Selena ali ainda, mas pensei nisso cedo demais, já que quando estávamos chegando à nossa mesa fomos interrompidos por duas meninas. Sim, era a Selena e sua amiguinha.
- Oi Seleninha. Que milagre você por aqui. – A Nathe falou sorrindo de orelha a orelha.
- Cala a boca que eu não vim falar com você. – A Selena respondeu ríspida.
- Nossa. O bom humor passou longe hoje, hein?! – A Nathe falou se fingindo de ofendida.
- Parou as duas. O que você quer Selena? – Perguntou o Taylor irritado e por um momento eu pensei que ele não podia sentir nada pela Selena para agir daquele jeito com ela, mas não passou de um simples momento de esperança, já que na sala ele estava sofrendo por causa dela. Devia ser só uma raiva momentânea.
- Calma. Só quero dar um aviso a essazinha aqui. – Ela falou com desprezo e apontou pra mim.
- Pode falar querida. – Eu falei e dei um passo na direção dela que arregalou os olhos e olhou pra tal amiguinha dela.
- Você não vai roubar o MEU Taylor de mim. Eu não vou deixar. E se você tentar, eu e a Demi vamos te dar uma liçãozinha. – Ela falou sorrindo falso pra mim.
A Nathe se aproximou e ficou do meu lado. Nós duas cruzamos os braços, sorrimos pra elas e eu falei pra Selena:
- Vamos ver então.
O Taylor nessa hora ficou no meio de nós, como se esperasse por uma briga, e falou:
- Já chega. Selena... Eu não sou seu e vocês só farão alguma coisa com a Thaís e com a Nathe por cima do meu cadáver. Agora vamos.
Ele saiu nos puxando e deixou as outras duas lá com cara de tacho.
Assim que chegamos à mesa, todos estavam nos olhando perplexos por causa da cena. Eu e Nathe sentamos ao lado da Rafa sorrindo pra todos enquanto o Taylor sentava ao lado do Rodrigo em silêncio.
Eu, Nathe e Rafa começamos a conversar animadas e eu aproveitei pra contar a elas que o Taylor tinha me convidado pra ir às gravações de Lua Nova no fim de semana e a uma boate que iria inaugurar no sábado. Elas ficaram mais animadas ainda e começaram a combinar de ir junto.
Depois do surto delas foi que eu percebi que o Taylor continuava em silêncio enquanto os meninos conversavam e riam.
- Ta tudo bem Taylor? – Perguntei preocupada.
- Porque não estaria? – Ele respondeu com outra pergunta em um tom de voz rude e eu resolvi ficar quieta depois disso. O clima ficou pesado e a Nathe percebendo isso, resolveu amenizar.
- Geeente... Tive uma idéia brilhante. – Ela falou animada.
- E posso saber qual? – Perguntou a Rafa olhando desconfiada pra ela.
- Vamos à loja do meu pai na quarta pra escolhermos roupas pro sábado. – Ela respondeu sorrindo de orelha a orelha.
- Que idéia ótima Nathe. – Falou a Rafa sorrindo também.
- Todas as minhas idéias são ótimas, baby. – Ela falou convencida.
- E você é muito humilde. – Falou o Rafael e todos riram.
- Então... O que vocês acham? – Perguntou a Nathe inquieta.
- To dentro. – Responderam o Rafael, Joe, Rodrigo e Nick juntos.
- É claro que eu topo. – Respondeu a Rafa.
- Tatah? Taylor? – Perguntou a Nathe nos olhando.
- Tanto faz. – Respondeu o Taylor dando de ombros.
- Pode ser. – Respondi sem saber o que esperar da loja do pai da Nathe.
- Ótimo. Vamos logo depois do colégio na quarta e a Rafa e a Tatah vão comigo. – Falou a Nathe.
- E nós Nathezinha? – Perguntou o Joe.
- Se virem. – Respondeu ela revirando os olhos.
Logo depois disso o sinal tocou. Nos despedimos e fomos pra sala de aula. O Taylor continuou quieto o resto do dia e eu resolvi dar um tempo pra ele. Me distanciaria até ele resolver todos os problemas, já que toda vez que eu tento conversar ou ajudá-lo ele é rude comigo.
No final das aulas pedi pra Nathe me dar uma carona. Não conseguiria ir pra casa com o Taylor. Dei risada quando vi o outro carro dela. Ele é lindo e tão Nathe!

Carro da Nathe: http://pitstopbrasil.files.wordpress.com/2009/03/vw-barbie-beetle-021.jpg.

Ela me levou até em casa e me questionou sobre o motivo disso, eu disse que o Tay precisava de um tempo sozinho e ela acabou acreditando.
No outro dia eu fui andando pro colégio e voltei com a Nathe. No colégio foi a mesma coisa. O Taylor quieto num canto e todos os outros conversando animados sobre a ida a loja do pai da Nathe.
Foi uma longa terça-feira, mas enfim a quarta chegou. Eu estava muito ansiosa pra ir a tal loja. Será que as roupas da grife são legais mesmo? Espero que sim. Quero arrasar na boate.
A manhã passou rápida e logo chegou a hora de irmos pra loja. Eu e a Rafa fomos com a Nathe no carro dela e os meninos foram com o Taylor no carro dele.
No caminho a Nathe e a Rafa falaram sobre a loja. Disseram que a loja é linda, enorme, que eu vou adorar todas as roupas e mais um monte de coisa. Me animei na hora e passei a contar os segundos pra chegar logo lá.
Assim que chegamos, minha boca se abriu automaticamente. Quando a Nathe falou que aquela era uma das maiores lojas da grife, eu não imaginei que fosse tão grande. Estacionamos e os meninos fizeram o mesmo. Logo depois descemos do carro e eu pude ver melhor a loja. A fachada era linda. Logo acima das portas, letras chiques formavam o nome da grife: “Blanc”. A vitrine estava cheia de manequins com roupas estilosas. Até onde eu enxergava, o interior estava repleto de clientes e funcionários sorridentes. Tudo brilhava em tons de branco e dourado.
No momento em que nos aproximamos das portas, dois homens de terno preto abriram-nas pra nós e falaram ao mesmo tempo:
- Sejam bem vindos.
- Ah... Boa tarde Srta. Blanc. – Disse um deles quando percebeu quem era.
- Boa tarde James. Meu pai está ai? – A Nathe perguntou sorridente.
- Sim. Ele está lá em cima no escritório. – O homem chamado James respondeu.
- Ótimo. Vamos lá pessoal. – Ela falou e nós a seguimos.
No caminho do escritório, várias outras pessoas nos cumprimentaram. Pelo que vi, eu era a única que ninguém conhecia ali. Percebi também que algumas funcionárias sorriam meio animadas demais pro Taylor.
Subimos dois lances de escada e entramos num corredor cheio de portas de madeira. Fomos até a última porta e a Nathe bateu duas vezes antes de abrir uma fresta e botar a cabeça ali.
- Pai? Trouxe alguns amigos, podemos entrar? – Ela perguntou.
- Claro querida. Entrem. – Uma voz grave falou.
A Nathe terminou de abrir a porta, entrou e nós a seguimos. O escritório era enorme e a parte de trás era toda de vidro, dando uma vista linda pro enorme jardim atrás da loja. Apesar de grande, o escritório no geral era bem simples. Assim que todos estávamos dentro da sala, um homem saiu de trás de uma mesa que tinham dois laptops e varias pastas com desenhos abertos em cima.
Olhei pra ele e OMG! Aquele é o pai da Nathalia? O homem é alto, grisalho, aparenta ter quase 50 anos e é GATO. Muito mais inteiro que muitos de 30 por ai. Tive que tomar cuidado pra não escancarar minha boca.

Pai da Nathe: http://i25.tinypic.com/2ypeu4m.jpg.

- Trouxe o pessoal pra fazer umas comprinhas. – A Nathe disse olhando pra nós.
- Oi meninos. Tudo bom com vocês? – O pai dela falou enquanto a abraçava.
- Oi Tio Lucas. – Todos os meninos e a Rafa falaram ao mesmo tempo.
- Dessa vez trouxe um rosto que eu não conheço. Amiga nova, filha? – Ele reparou em mim meio envergonhada atrás de todos.
- Essa é a Thaís pai. Ela foi passar uma temporada longe no Brasil e agora está de volta aos EUA. Está se tornando uma grande amiga. – A Nathe falou e eu sorri pra ela.
- Muito prazer, sou Lucas Blanc. O Brasil é um lindo país. Sempre que posso vou lá visitar. – O Sr. Blanc falou estendendo a mão pra mim.
- É um prazer conhecê-lo Sr. Blanc. O Brasil é lindo mesmo. – Disse apertando sua mão. – Mas nada como estar em casa. – Completei sorrindo.
- Sei bem disso. – Ele falou sorrindo pra mim. – Mas nada de me chamar de Sr. Blanc. Pra você eu sou o Tio Lucas.
- Ok. Tio Lucas então.
“E que tio”, completei mentalmente.
- E você, Rodrigo? Tem cuidado direitinho do meu bebê? – O Tio Lucas perguntou.
- Claro... Faz tempo que ela não apronta. – O Rody respondeu sorrindo.
- Pelo visto você colocou juízo na cabeça dela. – O pai da Nathe falou enquanto dava tapinhas nas costas do Rodrigo.
- Tudo o que eu fiz, foi porque ela mereceu. – A Nathe se meteu no assunto.
Eu não estava entendendo nada daquela conversa e decidi perguntar pra Rafa.
- Rafa... Sobre o que eles estão falando?
- Ahh... Sobre as brincadeiras que a Nathe fez com a Selena. – Ela respondeu dando de ombros.
- Que brincadeiras? – Perguntei interessada.
- Porque você acha que ela está com aquela franja horrível Tatah? – A Nathe perguntou e eu não sabia que ela estava ouvindo a minha conversa com a Rafa.
- Não sei, por quê? – Perguntei desconfiada.
- A Nathe grudou um chiclete no cabelo dela e não teve salvação. Ela teve que cortar. – Respondeu o Rody revirando os olhos.
- Ainda foi pouco... Devia ter grudado mais chicletes no cabelo todo. – A Nathe falou sorrindo.
- Filhaaa! – O Tio Lucas a repreendeu.
- Ahh pai... Você não sabe como essa garota é insuportável. – Ela falou com uma cara de nojo.
- Mas nem por isso precisa fazer tudo o que você já fez com ela, né?! – Agora foi a vez do Taylor a repreender.
- Nem vem defender a sua namoradinha, Taylor. Nem você agüenta mais. – Com essa eu tive que rir. A Nathe realmente estava certa, ninguém agüenta a Selena.
- Ok, ok. Chega de discussão. Obrigado por tudo Rodrigo e espero que continue assim. – O Tio Lucas falou.
- Claro Tio Lucas... A Nathe não irá mais aprontar. – O Rodrigo falou sorrindo.
- É mesmo... Agora eu não vou mais aprontar... Sozinha né?! Porque a Tatah vai me ajudar. – A Nathe disse e abriu um sorriso enorme pra mim. Fiquei sem graça torcendo pra alguém mudar de assunto e foi o que aconteceu.
- Nós viemos aqui pra ver roupas... Onde elas estão? – Perguntou a Rafaella depois de perceber a situação constrangedora em que eu me encontrava.
- É verdade... Vamos que eu acompanho vocês até lá. – Falou o Tio Lucas e nos guiou para fora da sua sala.


PDV Nathalia
Descemos de volta para a loja e o papai fez questão de nos acompanhar.
- Que tipo de roupa vocês querem? Qual é a ocasião? – Meu pai perguntou.
- Nós vamos a uma... Er... Festa no sábado. É em LA. Queremos roupas pra arrasar. – Falei animada.
- Então quer dizer que você vai pra Los Angeles no sábado e nem comunica seu pai? – Ele disse com uma sobrancelha levantada.
- Ah papi... Você sabe que eu sempre vou. Não preciso ficar comunicando. – Disse revirando os olhos.
- Ai, ai. Você não tem jeito filha. – Ele disse e me abraçou pela cintura.
Fomos assim até a ala dos vestidos de festa e roupas sociais. Como era a inauguração da boate, todos estariam arrumados e nós tínhamos que ARRASAR.
- Aqui está meninos. Divirtam-se. – O meu pai me soltou e estendeu os braços para as roupas.
Ele começou a se virar pra sair e eu o segurei.
- Já vai voltar pro trabalho? – Perguntei fazendo beicinho.
- Não querida, só vou chamar alguém que eu acho que pode ajudar vocês. – Ele falou sorrindo pra mim.
- Então ta. Volta logo. – Dei um beijo na bochecha dele e fui em direção aos vestidos, mas antes que pudesse achar alguma coisa, me virei de volta pro meu pai e perguntei:
- Papi, você vai dar um desconto pra eles, né?!
- Seus amigos não pagam nada aqui. Você já está cansada de saber isso. – Ele falou.
- Ah Tio. Você nunca deixa a gente pagar! Já estou ficando constrangida com a quantidade de roupas de graça que eu tenho daqui. – A Rafa disse sem graça.
- Não se preocupe com isso, querida. Eu sou o dono da loja e decido quem paga ou não. Podem pegar o que quiserem. – Ele disse e saiu. Meu pai era mesmo o máximo.


PDV Thaís
Assim que o Tio Lucas saiu, umas oito mulheres vieram nos atender.
- Quer ajuda? – Uma funcionária de cabelo cacheado me perguntou.
- Er... Não sei muito bem por onde começar. – Confessei enquanto olhava todas aquelas roupas.
- Você quer um vestido, não é? Porque não começa pela cor? Qual a sua cor favorita? – Ela sugeriu simpática.
- Azul. – Respondi automaticamente.
- Ok. Espera só um minuto que eu já volto.
Estava encostada na bancada olhando a vendedora pegar vários vestidos azuis de uma vez, quando de repente ouvi a Nathe se exaltar.
- Ahhhhhh! Não acrediiiito! Daaaaavid! – Me virei e a vi correndo na direção de alguém.
- Oh, oh! David está no céu, querida. Eu sou DIVA. D-I-V-A. E você sabe bem disso.
Olhei na direção da voz e vi... Er... Como eu vou definir aquilo? Vamos dizer que é um homem bem rosa choque. Meus olhos arregalados começaram a brilhar. Eu sempre quis ter um amigo gay!
- Desculpa DIVA. – A Nathe falou enquanto eles davam dois beijinhos sem encostar a bochecha.
- Eu só te perdôo porque você é minha perua preferida. – Ele disse enquanto pestanejava para ela. A Nathe riu e ele continuou. – Bom, mas depois a gente põe TODAS as fofocas em dia, principalmente as do teu bofe gatérrimo. O chefinho me mandou aqui a trabalho. Diga qual é a missão dessa vez.
- Nós todos vamos à inauguração de uma boate em LA no sábado e precisamos ser os mais lindos de lá, como sempre. – A Nathe disse animada.
- Deixar os outros lindos é comigo mesmo. Vamos ao trabalho. SUPER DIVA, ATIVAR! – Ele falou enquanto dava uma giradinha e batia palmas. – Agora diga... Por onde eu começo?
- Vamos começar pelas meninas. – A Nathe falou enquanto estendia a mão pra mim e pra Rafa.
- Claro. Vamos deixar o melhor pro final. – Ele concordou animado.
Percebi que os meninos tinham se espalhado e tentavam se camuflar com as araras de roupa.
- Bom... A Rafa você já conhece. – A Nathe falou e a “Diva” acenou pra ela. – E essa é a Thaís. – Ela falou e eu me aproximei.
- Olá querida, sou a Diva. Sou personal stylist da grife. – “Ela” disse sorrindo.
- Oiii Diva. – Falei animada. Assim que me aproximei o suficiente, foi que eu realmente reparei em seu rosto e meus olhos se arregalaram de novo. A Diva era um GATO. OMG! Que desperdício.


PDV Nathalia
Nem acreditei quando vi a Diva. Na última vez que a encontrei, ela estava indo pra Paris como representante da grife do papai num desfile e não preciso nem dizer como estava o estado de espírito dela. A bicha estava mais enlouquecida que o normal.
Quando meu pai contratou o David, há três anos, ele já tinha se transformado em Diva. Em meses ele já era um dos melhores funcionários da Blanc. Como ele mesmo dizia: “A Diva nasceu para o mundo da moda”.
E a Diva é realmente competente. Em meia hora ele já tinha arrumado roupas e acessórios maravilhosos pra nós três e até pra tal amiga da Tatah que ia chegar do Brasil na sexta e ia à boate com a gente também. Falando na Thaís, percebi que ela estava meio animada demais, mas a animação não parecia ter muito haver com as roupas novas. Ela estava praticamente comendo a Diva com os olhos e aquilo estava me deixando confusa. O que significam aqueles olhares?
A Diva estalou os dedinhos para que as vendedoras viessem pegar nossas roupas pra botar em sacolas pra nós e depois correu os olhos pelo salão.
- Venham pra cá meninos. É a vez de vocês. – Ele disse com os olhos brilhando.


PDV Taylor
Eu estava observando a Diva pegar uma montanha de vestidos e fazer as meninas experimentarem todos eles. Elas estavam fazendo uma espécie de desfile particular e eu percebi uns olhares estranhos da minha pequena pra Diva. Aqueles olhares pareciam de... Desejo? Aquilo me incomodou e me confundiu ao mesmo tempo. Como a Thaís poderia estar desejando a Diva? Eu devia estar entendendo alguma coisa errado.
Fui tirado de meus pensamentos quando ouvi aquela voz tenebrosa:
- Venham pra cá meninos. É a vez de vocês. – A Diva falou animada.
“Ah não!” Pensei e tentei me enfiar mais pra dentro da arara de vestidos verdes onde eu me escondia, mas ela continuou:
- Se vocês não vierem agora, eu vou aí buscá-los pela mãozinha. – Sua voz era esperançosa.
Saí rápido de dentro dos vestidos e vi que todos os meninos fizeram o mesmo. As meninas riram e a Diva falou sorridente:
- Assim que eu gosto. Machos obedientes.
Nós conhecemos a Diva há dois anos, numa de nossas vindas à loja do pai da Nathe. No começo foi muito estranho, mas com o tempo, por mais que continuemos fugindo, acabamos nos acostumando. Bom, pelo menos a maioria de nós.
Desde que nos conheceu, a Diva criou uma espécie de obsessão por um de nós. A maioria acharia que ela iria ficar louca por mim, mas nem minha fama, nem os meus novos músculos conseguiram atrair tanto a Diva quanto a “gostosura” do Joe. Isso o aterrorizava e nos proporcionava horas de gargalhadas. Tudo ficava melhor ainda quando a Diva começava a chamar o Joe de...
- MEU TIGRÃO! Você veio. – Ela disse feliz da vida assim que ele entrou em seu campo de visão.
- Não começa com esse apelido escroto. – O Joe disse se afastando.
- Noooossa! Ta estressado, amor? Aposto que é falta de carinho. Coisa que eu posso resolver. – Falou a Diva sugestivamente.
- Não é nada disso. Minha namorada me da muito carinho. – O Joe resmungou.
- Que namorada Joe? – A Nathe perguntou com uma sobrancelha levantada.
- Minha namorada ué. Vocês não conhecem. – Ele respondeu meio sem graça.
- Sua boneca inflável não vale, cara. – O Rafael falou, fazendo o Joe bufar e todos nós rirmos.


PDV Thaís
A tarde acabou passando rápido com todas as brincadeiras. Eu passei o tempo todo sem tirar os olhos da Diva. Como um homem daquele podia ser gay? Aposto que era porque ele nunca encontrou uma mulher de verdade. Ah, mas se ele der uma brecha, eu posso ser essa mulher pra ele a qualquer hora.
Quando todos já tínhamos escolhido roupas e acessórios para a boate e visto o resto da loja também, decidimos que era hora de ir embora. A Diva foi chamar o pai da Nathe que tinha voltado ao trabalho pra gente se despedir e agradecer e todos ficaram conversando no balcão de pagamento.
Eu estava calada olhando um pôster da grife atrás do balcão quando o Tio Lucas chegou.
- São minhas modelos preferidas. – Ele disse pra mim olhando o cartaz também e fazendo todos prestarem atenção na gente. Eu sorri pra ele e me virei pra Nathe.

Foto: http://farm3.static.flickr.com/2663/3932420759_59f416c5d0_o.jpg.

- Não sabia que você é modelo.
- Não sou. Só tiro fotos pra fazer meu papi feliz. – Ela falou indo para o lado dele.
- Ah, sim. Mas e a outra, quem é? – Perguntei olhando a foto de novo.
- É a Jessica. Ela é a modelo oficial da grife. – A Nathe respondeu depois completou. – E é uma grande amiga minha também.
- Formam uma dupla bonita. – Observei.
- Concordo. – Todos os meninos falaram ao mesmo tempo e eu arregalei os olhos.
O pai da Nathe riu e depois falou pra ela:
- Ela está aqui, filha. Chegou faz uma meia hora.
- SÉRIO? Por que você não me avisou? – Ela perguntou agitada.
- Porque você estava ocupada. Ela veio buscar umas roupas pra uma sessão de fotos que vai ter amanhã de manhã. Acho que ela não sabe que você está aqui também. Quer que eu mande a chamarem?
- Quero sim. Você ocupa tanto a minha amiga que nós quase não nos falamos mais. – A Nathe falou e o pai dela saiu pra chamar a tal garota.
Uns cinco minutos depois da saída dele, ouvi a voz da Diva e uma risada feminina que na verdade achei meio exagerada. Me virei para a escada, que era de onde vinham os sons, e me deparei com a Diva ao lado de uma loira. Tive que lutar pra não escancarar a minha boca. Era a garota da foto, mas o que realmente me chamou a atenção nela foram as roupas. O vestido preto tomara-que-caia era curto demais em suas pernas longas e aqueles saltos altíssimos eram meio exagerados pra uma menina tão alta.

Roupa da Jessica: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=14857487.

Para os meninos ela devia parecer “gostosa”, mas pra mim ela só parecia vulgar. Ela jogava a cabeça pra trás enquanto ria e realmente era uma menina linda, além de ter um corpo incrível.
- JEEEESS! – A Nathe deu um gritinho e saiu correndo até a garota.
- NAAATHE! Que saudade amiga! – Ela respondeu no mesmo tom.
- Claro. Você vive ocupada. – A Nathe disse enquanto as duas se abraçavam.
- Culpe o Tio Lucas por isso. – A tal Jessica falou enquanto ele aparecia no alto da escada sorrindo.
- Só não brigo com você porque foi muito bonzinho com os meus amigos hoje. – A Nathe falou olhando pro pai.
- Só hoje, filha? – O Tio Lucas perguntou com uma sobrancelha levantada.
- Ta bom. Sempre. Você sabe que não tenho coragem de brigar com você. Você é o melhor paizinho do mundo. – A Nathe disse enquanto o abraçava.
- Nossa! Estão todos aqui. – A Jessica falou parecendo notar nossa presença só agora.
- Sim. Viemos fazer umas comprinhas para ir numa boa... – A Nathe olhou pro pai e mudou o que ia falar. – Numa festa em LA no sábado.
- Festa é? Eu estou mesmo precisando de uma noite com amigos pra relaxar e ainda mais em Los Angeles. Posso ir? – A Jessica perguntou sorrindo.
- Claro que sim. – Os cinco meninos falaram ao mesmo tempo de novo.
Que coisa mais ridícula! Eles estavam parecendo cachorrinhos em frente a um frango de padaria. A tal da Jessica deu uma risadinha e depois focalizou seus olhos azuis em uma pessoa em particular.
- Taaaaylor! Nossa, nem tinha te reconhecido. Você ta diferente. – Ela falou animada enquanto praticamente se atirava em cima dele.
- Oi Jess. Você também mudou. Ta mais linda ainda, se é que é possível. – Ele disse com um sorriso enorme enquanto a abraçava.
Um tremor de raiva subiu pela minha espinha e eu tive que me controlar muito pra manter uma expressão indiferente.
- Obrigada amor. Você também está muito mais bonito. – Ela disse sorrindo e o sorriso dele pareceu duplicar.
Logo depois ela se virou pro resto de nós e falou:
- Desculpem a falta de educação. Como vocês estão?
- Muito melhor agora. – O Joe respondeu. Ela riu e depois foi dar um beijo na bochecha de cada um dos meninos.
Quando chegou a hora de me cumprimentar, ela deu um passo pra trás e me analisou.
- Eu não conheço você. – Ela observou.
“Oh! Jura? Quanta inteligência”, pensei.
- Acho que não. – Respondi dando de ombros.
- Prazer, eu sou a Jessica. – Ela sorriu pra mim e estendeu a mão.
- Eu sou a Thaís. – Segurei a mão dela por dois segundos, talvez nem isso e depois soltei.
- Amiga nova da Nathe? – Ela perguntou.
- Da Nathe sim, mas o Taylor eu conheço desde que nasci. Ele é meu melhor amigo. – Falei de modo possessivo.
- Que legal, mas ele nunca me falou de você. – Ela lançou um sorrisinho pra mim, se virando logo depois pra ir para o lado da Nathe e eu fuzilei suas costas com os olhos.


PDV Nathalia
Ficamos conversando com a Jess até meu pai praticamente nos expulsar da loja alegando que tínhamos aula cedo no dia seguinte.
A Tatah continuava com seus olhares estranhos pra Diva, mas o que realmente chamou minha atenção foi o modo como ela olhava para outra pessoa. O olhar que ela mantinha na Jessica tinha tanto ódio que chegou a me assustar. Mas como ela poderia odiar a Jess se mal a conhece? A curiosidade estava quase me matando. Eu tinha um longo interrogatório pronto em minha cabeça, mas teria que esperar até ficarmos sozinhas.
Nos despedimos de todos na loja e o meu pai, a Jess e a Diva nos acompanharam até a porta. Quando tive uma brecha, sussurrei sobre a boate para a Jessica. Não gostava de falar sobre essas coisas em voz alta perto do meu pai. Mesmo me dando liberdade para muitas coisas, para outras ele era muito antiquado. Não importava que eu já tivesse feito 18 anos, ele cismava em me tratar como um bebê.
No fim das contas a Jess acabou adorando a idéia da boate e disse que nos encontraria lá. Os meninos ficaram muito animados com isso, principalmente o Tay. Pelo visto ele ainda não tinha esquecido suas últimas aventuras com ela.
Meu pai me avisou que chegaria tarde em casa (grande novidade ¬¬) e a Diva me fez fazer uma “pink promess” e jurar que a gente se encontraria logo para fofocar. A Thaís foi a última a se despedir dos três. Ela lançou um grande sorriso de agradecimento pro meu pai, fez uma cara de nojo antes de dar dois beijinhos na Jessica e deu um abraço meio caloroso demais na Diva, que não gostou nem um pouco.
Todos já estávamos começando a nos mexer pra ir embora quando ouvimos a voz da Tatah.
- Por que você não vai conosco no sábado? – Os olhos dela brilharam pra Diva.
Eu não tinha pensado nisso. Era a oportunidade perfeita pra passarmos mais tempo juntos e também pra proporcionar boas risadas a todos.
- NÃO! – O Joe quase gritou. Seus olhos estavam cheios de medo. Eu estava certa sobre as risadas.
- Hmm... Ir pra LA no fim de semana e passar a noite toda com o meu tigrão? Boa idéia perua! – A Diva falou animada e a Tatah abriu um sorriso enorme.
- Adoooorei a idéia. – Falei sorrindo também. – Fala com a Jessica pra vocês irem juntos. Ela te diz o lugar direitinho. Qualquer coisa me liga.
- Ta bem minha “Maria Purpurina” preferida. Não vou perder isso por nada. – Ele falou olhando pro Joe e mandando um beijinho pra ele que se escondeu atrás do Rodrigo.
Meu pai tentou disfarçar uma risada com uma crise de tosse e assim que se recuperou, anunciou autoritário:
- Bem crianças, já esta ficando tarde pra vocês ficarem dirigindo por ai. Deixa o papo pra depois. Todos pra casa agora.
- Sim senhor. – Falei obediente e lhe dei mais um beijo estalado na bochecha.
Os meninos foram pro carro do Taylor e eu, a Tatah e a Rafa fomos pro meu. Enquanto dirigia, minha ansiedade aumentava. Eu queria bombardear a Thaís com as minhas perguntas curiosas, mas preferi não fazer isso na frente da Rafa, então teria que esperar.
Quando já estávamos quase na casa da Rafaella, paramos em um sinal vermelho e os meninos, que tinham parado do nosso lado, buzinaram e abriram a janela. Baixei o vidro da Tatah, que estava no banco do carona, pra ver o que eles queriam. O Taylor alegou que todos estavam com fome e que eles queriam que a gente parasse numa lanchonete que tinha ali perto. Fiquei meio irritada de ter que esperar mais pra falar com a Tatah, mas como eu estava mesmo ficando faminta, nós acabamos indo com eles.
Lanchamos sanduíches enquanto dávamos risadas e tacávamos saquinhos de ketchup e de açúcar uns nos outros. Algumas pessoas olhavam feio pra nossa bagunça, mas acho que a presença do Taylor fez com que as garçonetes não viessem reclamar.
Logo depois de sairmos da lanchonete, fui deixar a Rafa em casa e o Taylor foi levar o Rafael. Nos despedimos da Rafa e assim que ficamos sozinhas, minha curiosidade voltou com força total. Estávamos em silêncio, então resolvi começar.
- Tatah? – Falei em voz baixa.
- Oi? – Ela me olhou, parecia distraída.
- Gostou da loja do meu pai? – Tentei entrar no assunto.
- Claro, é linda. E o seu pai é... Um amor de pessoa. – Ela disse sorrindo.
Não entendi muito bem a hesitação dela na hora de falar do meu pai, mas também não prestei muita atenção nisso.
- O pessoal lá é bem legal, né?! – Sondei.
- Sim, eles são. – Ela falou enquanto unia as sobrancelhas numa expressão de desconfiança.
- Gostou da Diva? – Perguntei tentando parecer indiferente.
- Er... Claro. Sempre quis conhecer um gay. – Ela deu de ombros, mas suas bochechas ficaram vermelhas.
- Posso saber por que você tava olhando pra ele daquele jeito? – Agora nós tínhamos parado num sinal e eu olhava pro rosto dela.
- Q-que J-jeito? – A Tatah olhava pros próprios pés e sua bochecha parecia pegar fogo.
- Ah, você sabe do que eu to falando. Você tava olhando pra ele de um jeito muito estranho. – Falei lembrando-me da cara dela e franzi a testa.
- Eu não tava olhando de jeito nenhum pra ele. – Ela quase sussurrou ainda olhando pra baixo.
- Ah Tatah, não vem com essa. Você sabe que eu reparo em tudo. – Disse revirando os olhos.
Ela só mordeu os lábios e continuou calada.
- Não adianta fugir amiga. – Falei levantando as sobrancelhas e ela suspirou.
- Ta bem, eu falo. – Ela disse rendida e eu abri um sorriso pra estimulá-la a continuar. – É que assim, eu fui reparar mesmo na Diva e... Meu Deus! Ele é um gato! É um desperdício ele ser gay. – Ela continuou unindo as sobrancelhas enquanto falava.
HAN? Meus olhos se arregalaram e eu tive que me esforçar pra continuar prestando atenção na rua.
- Isso é serio? – Perguntei incrédula.
- É.- Ela falou em voz baixa.
Não agüentei e comecei a gargalhar. Meus olhos encheram de água de tanto que eu ria e dessa vez eu realmente quase perdi a direção.
- Ah, nem vem Nathe. Ele é lindo. Você é que nunca olhou direito pra ele.
Continuei a rir e já estava meio que perdendo o ar quando a Thaís quase gritou:
- Da pra você parar de rir? Se não eu não te conto mais nada.
Tentei me acalmar e respirei fundo umas cinco vezes até conseguir falar.
- Desculpa. É que foi engraçado.
- Tudo bem. Eu também me senti meio estranha por achar isso. – Ela disse dando uma risadinha.
Respirei fundo mais uma vez e aproveitei o embalo pra continuar o questionário.
- Posso te perguntar mais uma coisa?
Ela fez uma careta, mas respondeu:
- Pode.
- Você tava olhando de um jeito mais estranho ainda pra Jess. Posso saber por quê?
Sua careta aumentou e ela hesitou pra responder.
- Pode falar Tatah. – Incentivei.
- Bem... É que eu achei ela meio exagerada. A roupa dela era muito vulgar. Foi ridículo ver os meninos babarem por ela. Ela tem uma cara de metida. E além do mais, tava se jogando pra cima da Diva. – Ela tagarelou, o que me fez desconfiar mais ainda.
- Tem certeza que é só isso? – Perguntei com uma sobrancelha levantada.
- Aham. – Ela disse dando de ombros.
- O Taylor gosta muito dela. – Tentei de novo depois de um minuto de silêncio.
- Humm... – Murmurou ela simplesmente e eu percebi que não ia conseguir arrancar mais nada dela.
Ficamos caladas o resto do caminho. Parei na frente da casa dela, ela me agradeceu brevemente pelas roupas e pela carona e se despediu desanimada.
Meu Deus, será que ela e o Taylor não podiam ficar juntos e acabar com essa agonia? Dei um suspiro infeliz e arranquei com o carro pra minha casa.


PDV Thaís
Depois que saímos da loja da grife do pai da Nathe, ela me levou até em casa. No caminho ela me fez várias perguntas que me fizeram perceber que eu não consigo esconder nada. Era incrível como ela tinha reparado em todas as minhas caras. Mostrei a minha roupa e a da Juliana pra minha mãe e subi pra me arrumar pra dormir, já que nós jantamos todos juntos em um restaurante no caminho.
Quando eu estava pronta, deitei na minha cama e liguei o ipod. Assim que a música começou a tocar, me torturei internamente por não ter escolhido ler um livro. A música que estava tocando, além de ser a minha predileta, é a música que tocou quando eu e o Taylor nos beijamos. Não preciso nem dizer que perdi o sono, né?!
Acendi a luz do abajur e peguei o primeiro livro que achei pra ler.
Uma hora depois eu ainda não estava com sono. Resolvi levantar e dar uma volta no jardim pra aproveitar o clima abafado que estava.
Assim que levantei, coloquei um casaco fino e fui pro jardim.

Casaco da Thaís: http://catalogue.adidas.com.br/catalogue/br/product/E16980/D-SLEEK-HOODIE-TRACK-TOP.

A noite estava linda, mas eu estava me sentindo solitária. Essa semana estava sendo difícil pra mim, já que depois da noite do beijo eu passei a evitar o Taylor.
Conheci várias pessoas no colégio e estava me tornando uma das mais populares, pro desespero da Seleninha, mas mesmo assim não era a mesma coisa sem ele.
Sentei em uma das cadeiras da mesa da piscina, abracei meus joelhos e fiquei olhando a água enquanto esperava o sono chegar.


PDV Taylor
Desde aquele desafio idiota a minha pequena me evitava. Não ficava sozinha comigo e muito menos encostava em mim.
Na segunda, depois da briga com a Selena, ela me surpreendeu ao me consolar. Fiquei feliz, mas logo depois a parede que ela criou, voltou.
Já era quarta-feira e ela continuava distante. Isso já estava ficando insuportável e depois dos olhares cobiçosos dela pro David a situação piorou.
Decidi me deitar e dormir, mas o sono não vinha de jeito nenhum e como estava uma noite agradável, decidi dar uma volta.
Levantei, coloquei uma camisa e fui pro jardim. Estava distraído pensando em como a minha vida mudou de uma hora pra outra e num ato de reflexo eu olhei pra casa da Tatah. Me assustei quando a vi no jardim, sentada abraçando os joelhos com o olhar vago. Não me segurei e fui até lá tentar conversar com ela.
- Acordada a essa hora? – Perguntei quando já estava ao seu lado.
- Taylor? O que você ta fazendo aqui? – Ela perguntou assustada com os olhos arregalados.
- Tava sem sono e vim pegar um ar no jardim, mas daí te vi aqui e vim falar contigo. – Respondi sincero.
- Hum... – Ela respondeu, abraçou os joelhos novamente e voltou a olhar pra água da piscina.
- E você? Ta sem sono também? – Perguntei curioso e preocupado ao mesmo tempo.
- É. – Ela respondeu seca.
- Ta tudo bem? – Perguntei mais preocupado ainda enquanto puxava uma cadeira pra sentar do seu lado.
- Aham... – Ela respondeu simplesmente e eu fiquei quieto porque achei que ela não queria conversar, mas pelo jeito estava enganado.
- Bonita aquela amiga da Nathe, né?! – Ela perguntou me olhando.
- Aham. A Jess é linda. – Respondi sendo sincero.
- Também não exagera. Ela é bonitinha. – Ela falou revirando os olhos.
- Cada um tem uma opinião. – Dei de ombros.
- Pelo jeito você gosta bastante dela. – Ela comentou enquanto olhava pro céu.
- É. Eu e a Jess éramos “bons amigos”, mas depois que ela virou a modelo oficial da Blanc, nós nos afastamos. – Falei cabisbaixo.
- Que pena. – Ela falou sarcástica, como se fosse bom pra ela eu e a Jessica nos afastarmos e por um momento eu pensei que ela tivesse com ciúme, mas isso era pouco provável, já que ela anda me ignorando e me tratando com indiferença. Resolvi então tirar a duvida.
- Você ta com ciúme? – Perguntei sorrindo de orelha a orelha.
- Claro que não. – Ela respondeu rápido demais e virou o rosto logo depois.
Ficamos em silêncio e eu fiquei me perguntando se ela realmente estava com ciúme de mim, mas não consegui achar nenhuma resposta coerente.


PDV Thaís
Não esperava ver o Taylor àquela hora da madrugada. Era só o que me faltava. Além dele não sair dos meus pensamentos, agora vai passar a me seguir também?
Deixei isso de lado e nós começamos a conversar. Decidi perguntar pra ele sobre a tal da Jess esperando que ele fosse indiferente, mas a reação dele foi ao contrário e uma raiva se apossou de mim na hora. Pra piorar quando ele percebeu isso, me perguntou se eu estava com ciúmes. Desde quando eu sinto ciúmes de alguém? Tudo bem que eu não gostei nem um pouco daquela loira aguada se atirando pra cima do meu Taylor e nem dos sorrisos dele pra ela, mas isso não é ciúme.
Depois disso ficamos em silencio até uma estrela cadente cortar o céu e o Taylor falar:
- Faça um pedido.
- Por quê? – Perguntei desconfiada.
- Estrela cadente. – Ele respondeu e logo depois fechou os olhos.
Nunca acreditei muito nisso, mas não custa nada tentar, né?! Fechei meus olhos também e fiz o tal pedido. Assim que os abri, vi dois olhos castanhos me fitando intensamente e naquele momento, eu desejei mais do que nunca que meu pedido fosse atendido.
- O que você pediu? – Perguntou o Tay curioso.
- Se eu te contar não vai se realizar. – Respondi.
- Ahh... Conta. – Ele pediu manhoso.
- Conta você primeiro então. – Falei decidida.
- Tudo bem. Eu conto. – Ele disse sorrindo.
- Estou esperando. – Disse ansiosa.
- Eu pedi que alguém que me fizesse feliz verdadeiramente. – Ele falou, se levantou e sentou na borda da piscina.
- Mas você é feliz. – Falei me levantando e indo sentar ao seu lado.
- De certa forma eu sou, mas falta alguém que eu ame de verdade ao meu lado e que esse sentimento seja recíproco. – Ele falou fitando a água da piscina.
- Pensei que você gostasse da Selena.
- Eu gosto, mas não conseguiria ficar do lado de alguém como ela por muito tempo. – Ele disse me olhando, provavelmente pra analisar a minha reação.
- Você era feliz com ela. – Falei tentando achar uma explicação pra tudo o que ele tinha acabado de dizer.
- Não, pelo menos não de verdade.
- Mas você parecia feliz.
- Tatah, eu sou um ator. – Ele falou revirando os olhos.
- Então porque você estava com ela? – Perguntei confusa.
- Comodidade. – Ele respondeu.
- Comodidade? – Perguntei incrédula.
- É. – Ele respondeu. – Ela também é atriz e popular no colégio, me pareceu certo. – Ele completou dando de ombros.
- Ela estava com você por interesse e você sabia disso. – Comentei e virei o rosto para olhá-lo.
- Aham... Por isso não dei bola quando você falou sobre isso.
- Mas a Nathe não sabe disso. – Afirmei.
- Não, ninguém sabia. Agora você é a única que sabe. – Ele falou.
- Se ninguém sabia, porque você me contou? – Perguntei.
- Porque eu confio demais em você e acho que já estava na hora de alguém saber o que eu realmente sinto. – Ele disse.
- Me sinto honrada. – Falei e logo depois me lembrei que eu estava o evitando por achar que ele precisava de um tempo sozinho pra pensar, mas era exatamente o contrário e uma angústia tomou conta de mim.
- Taylor?
- Fala.
- No que você pensava quando foi dormir e perdeu o sono? – Perguntei, temendo a resposta.
- Nos motivos que levaram você a se afastar de mim. – Ele respondeu. – Mas acho que já sei. - Ele completou e eu gelei.
- V-v-você s-sabe? – Perguntei gaguejando.
- Sim. Eu sou o principal motivo. – Ele falou e eu paralisei. Será que estava tão na cara assim? Era melhor eu negar antes que as coisas piorassem.
- Claro que não. Por que seria? – Perguntei


PDV Taylor
Eu precisava desabafar, mas não podia ser com qualquer pessoa. Não cogitei nem o meu melhor amigo pra isso. Só tinha uma pessoa no mundo que eu confiava tanto a ponto de confessar tudo o que eu estou sentindo, mas ela está mantendo distância de mim, apesar de estar ao meu lado agora.
Estava olhando o céu, quando uma estrela cadente o cortou e eu resolvi que era a hora certa pra botar tudo pra fora.
Começamos a conversar e eu disse tudo o que eu sentia pra ela. Ela, por sua vez, começou a fazer perguntas demonstrando interesse e preocupação, mas quando já não tinha mais o que falar, ela perguntou o que causou a minha insônia e eu não consegui mentir pra ela. Eu só não esperei vê-la tão desesperada com a minha resposta. Logo depois que eu respondi, ela começou a gaguejar. Se eu não estivesse tão tenso por não saber o motivo do desespero dela, agora eu estaria gargalhando.
Ela perguntou gaguejando se eu realmente sabia o motivo e eu acabei respondendo o que eu pensava, que eu era o motivo que a fez se afastar de mim e o desespero dela pareceu aumentar. Ela negou, mas sua expressão ainda era desesperada. Então ela perguntou por que seria esse o motivo e eu respondi a verdade:
- Porque eu ando muito chato ultimamente e sem querer acabei te afastando de mim.
- Ahh... Isso. – Ela falou e suspirou aliviada, mas eu não entendi o porque.
- Eu estava confuso e achei que precisava ficar sozinho, mas quando você se distanciou de mim foi que eu percebi que o que eu precisava era desabafar e não me isolar. – Falei sincero. – Me desculpa? – Perguntei temeroso.
- Na verdade sou eu que te devo desculpas. – Ela falou. – Nós prometemos que ficaríamos ao lado um do outro independente do que acontecesse e eu quebrei a promessa. – Ela completou corada e olhou pras duas mãos.
- Nada disso. Eu sou o culpado, já que estava insuportável esse dias. – Falei sincero.
Eu não vou deixar ela se culpar pelos meus erros. Eu errei e assumirei toda a culpa.


PDV Thaís
Que ótimo! Agora o Taylor estava se culpando pelos meus erros.
- Não Taylor. A culpa é minha. Então não tente diminuí-la. – Falei séria.
- Então nós dois erramos. – Ele falou sorrindo.
- Ainda acho injusto, mas tudo bem. Nós dois erramos. – Eu disse sorrindo também.
- Senti sua falta. – Ele falou cabisbaixo.
- Serio? – Perguntei, provavelmente com os olhos brilhando.
- Muito. – Ele respondeu com as bochechas levemente coradas e olhos pras suas mãos.
Levantei seu rosto com uma das minhas mãos e o fiz me olhar.
- Eu também senti a sua falta. – Falei sorrindo sincera e dei um beijo estalado na bochecha dele, mas quando eu ia me afastar, ele me puxou pra mais perto dele e me abraçou forte, não deixando eu me mover.
- Hoje você não sai mais daqui. – Ele falou risonho. Como se eu quisesse sair dos seus braços, né?! Levantei e logo depois, sentei no seu colo de lado e dentei minha cabeça no seu peito.
Seu cheiro me acalmou e me trouxe paz. Como já era 1h da madrugada e eu estava com sono, me permiti fechar os olhos e aproveitar seus carinhos no meu rosto e no meu cabelo.
- Já vai dormir minha pequena? – Ele perguntou divertido.
- Não. Só estou descansando os olhos. – Sussurrei e ele gargalhou.
- Pode dormir. Depois eu te levo pro teu quarto. – Ele propôs.
- Eu não vou dormir. – Resmunguei baixo, ainda de olhos fechados.
Estava difícil me manter acordada, mas eu queria aproveitar esse momento a sós, já que estava se tornando raro.


PDV Taylor
Ter a minha pequena assim tão próxima me deixa feliz e calmo.
Apesar de resmungar que não iria dormir, ela já estava cochilando no meu colo. Continuei fazendo carinho no seu rosto e cabelo até ela pegar no sono de verdade pra eu levá-la até a sua cama.
Tinha ido dar uma volta exatamente por estar sem sono, mas tê-la nos meus braços me acalmou de uma forma que fez o sono me atingir também.
Quando achei que não ia acordá-la se me mexesse, levantei com ela no meu colo e a levei pro seu quarto.
Foi difícil abrir as portas enquanto a segurava, mas mesmo assim eu consegui. Deitei-a na cama, tirei seu casaco e a cobri. Não queria deixá-la ali sozinha, mas também não queria abusar da sua boa vontade.
E foi com muita vontade de ficar que eu beijei a sua testa, afaguei seu cabelo e saí.
Cheguei ao meu quarto, tirei a blusa, deitei e a calma e a tranqüilidade fizeram com que a inconsciência me atingisse em menos de um minuto.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Capítulo 5 – Verdades e Desafios

PDV Thaís
Eu estava adorando passar o dia com todos os meus novos amigos, então fiquei meio triste quando a Rafa e o Nick disseram que tinham que ir embora. Mas como eles eram muito responsáveis e certinhos, acabei entendendo que eles tinham seus motivos. Assim que os dois foram embora, meu celular tocou e eu vi que era minha mãe.
- Mãe? – Atendi.
- Minha filhinha. Como você tá? – Ela perguntou preocupada.
- To bem e você e o papai? Como tá a viagem? – Perguntei desconfiada do motivo da ligação.
- Estamos bem também. Só liguei pra saber como você está e se está sozinha aí em casa. – Ela falou.
- Na verdade, eu chamei alguns amigos pra tomar banho de piscina aqui em casa e tava pensando em convidá-los pra dormir aqui também. Daí eu não fico sozinha. – Falei esperando uma resposta negativa.
- Que ótima idéia bebê, mas quantos são? E quem são? – Ela perguntou animada, provavelmente com a idéia de não me deixar dormir sozinha nessa casa enorme.
- Ah... São alguns amigos do colégio. Ao total somos seis, contando comigo e com o Taylor. – Eu disse calma.
- Tudo bem filha. Que bom saber que você já está se enturmando. Se precisarem podem usar o meu quarto. – Ela disse feliz.
- Acho que não vai ser necessário, mãe. Os dois quartos de hospedes estão arrumados. – Eu falei me animando.
- Então tá bom meu anjinho. Qualquer coisa me liga. Amanhã à noite eu e seu pai estaremos aí. Já estou com saudades. A mamãe te ama e juízo, hein?! – Minha mãe falou.
- Ok, ok. Eu também. Até amanhã mãe. – Eu respondi e desliguei.
- Então gente. O que vocês acham de dormir aqui em casa essa noite? – Perguntei para todos temendo a resposta, mas torcendo pra ser positiva.
- AAAHHHHHHHH! Adorei a idéia amiga. – Sim, essa resposta animada era, como sempre, da Nathe.
Como os meninos não responderam, resolvi perguntar de novo.
- E vocês? O que acham? – Perguntei sorrindo.
- Eu to dentro, claro. Imagina se eu ia deixar de dormir no mesmo teto que duas gatas como vocês. – O Joe disse, fazendo o Taylor e o Rodrigo bufarem.
- É claro que eu topo. – O Rafael respondeu sorrindo pra mim.
- Eu também. – Disseram o Rody e o Tay ao mesmo tempo, o que foi estranho.
- Tudo bem então. Vamos nos dividir assim: a Nathe dorme comigo no meu quarto; o Joe e o Rafael dormem no 2º quarto de hospedes; e o Taylor e o Rody dormem no 1º quarto de hospedes, mas tem um problema. No 1º quarto só tem uma cama de casal. – Eu disse olhando pros dois.
- Ihh... Aposto que o Taylor e o Rodrigo vão se revelar essa noite. – Tinha que ser mais um comentário sem noção do Joe. (¬¬)
- Nós não somos você não Joe. – Disse o Rodrigo enquanto tacava uma almofada nele. – Mas tem mais de um cobertor, né Thaís?! Porque dividir a cama tudo bem, mas o cobertor já é demais. – Ele completou pensativo.
- Claro. Eu já tinha pensado nisso. Não se preocupa. – Eu disse segurando o riso.
- Mas então, já que a gente vai ter a noite toda pela frente... Podíamos fazer alguma coisa. – Disse a Nathe com os olhos brilhando e tinha certeza que ela estava com uma idéia na cabeça.
- Strip Poker. – Disse o Joe animado.
- Esquece. Além de não saber jogar, eu não quero ficar de roupas íntimas na frente de vocês. – Eu disse corada.
- Mas você tá de biquíni. Não tem como ficar de roupa intima na nossa frente. – O Joe disse piscando pra mim e foi ai que eu entendi que se jogasse ia ficar completamente sem roupa. Corei, como sempre.
- Não. Isso eu não quero. – Eu disse decidida. – E se é assim eu vou tomar banho agora. – Completei.
- Posso tomar um banho também Tatah? Não quero ficar com cloro no cabelo até tarde. – Falou a Nathe.
- Claro. Vem comigo. Vou te mostrar onde fica o banheiro. – Eu disse sorrindo. – E vocês. Esperem aqui. – Eu disse séria enquanto apontava pros meninos.
- Sim, senhora. – Responderam os quatro em coro.
A Nathe pegou a sua bolsa e nós subimos. Levei-a até o banheiro que ficava no corredor e fui pro meu, no meu quarto. Tomei meu banho e coloquei uma roupa simples. A blusa é uma regatinha preta básica, o short é um jeans escuro e curto e pra terminar, uma rasteirinha preta.

Roupa da Thaís: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=14615545.

Dois minutos depois de me trocar, alguém bateu na porta do meu quarto. Abri e lá estava a Nathe, já vestida também. A roupa dela é bem simples e muito parecida com a minha. Comecei a perceber que os nossos gostos para roupas são bem parecidos. A blusa é uma regatinha verde linda, o short é da cor creme e cheio de detalhes e a rasteirinha é creme também.

Roupa da Nathe: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=14615655.

Descemos e nos surpreendemos quando vimos o Taylor e o Rodrigo sentados cada um de um lado da escada.
- Porque vocês estão sentados aqui? – Perguntei desconfiada.
- Pra garantir que ninguém subisse pra espiar vocês tomando banho. – O Taylor disse irritado enquanto o Rodrigo lançava um olhar assassino pro Joe e pro Rafael. Eu corei e a Nathe olhou de cara feia pro Joe.
- Enfim... Vocês vão querer tomar banho também? – Eu perguntei pros meninos.
- Aham. Se puder, é claro. – O Rodrigo disse.
- Vão precisar de alguma roupa? – Perguntei temerosa.
- Não. Trouxemos uma cueca pra caso quiséssemos nos trocar. – O Rafael disse sorrindo.
- Todos vocês? – Perguntei incrédula.
- Aham. – Respondeu o Rodrigo.
- A sunga machuca. – Disse o Joe e todos nós o olhamos segurando o riso.
- Não precisamos dos detalhes Joe. – Disse a Nathe revirando os olhos, como sempre faz quando ouve os comentários do Joe.
- Ta bom. Agora vocês vão tomar banho e eu e a Nathe vamos fazer algo pra comer. – Eu disse. – O Taylor mostra os banheiros pra vocês, né Tay?! – Completei perguntando.
- Claro, claro. Vamos... – Ele disse levando os meninos pro segundo andar da casa, mas no final da escada ele parou. – Tatah, posso tomar banho no seu banheiro? – Ele me perguntou.
- Aham, mas não tira nada do lugar. – Eu disse olhando séria pra ele, mas não agüentei e comecei a rir.
- Ok, ok. – Ele disse sorrindo e foi em direção ao meu quarto.


PDV Taylor
O dia está ótimo, apesar do incidente com a revista. As conversas sem nexo e as brincadeiras sem graça me fizeram esquecer a briga com a Selena e agora, estou aqui na casa da minha melhor amiga, indo tomar banho no seu banheiro.
Entrei no quarto e como sempre, estava impecável. Tudo organizado e limpo, a cama arrumada e fotos dela, lindas por sinal, pela parede. O que me chamou a atenção em uma dessas fotos foi a cor do cabelo dela.

Foto: http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/-WiAKPsxPqeBWWq7q5AqKg?feat=directlink

Nunca tinha visto-a loira, e apesar de ficar linda do mesmo jeito, eu prefiro morena. Olhei pra segunda foto e essa parecia não ser tão antiga quanto a primeira.

Segunda Foto: http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/KWiHN_UzkAbfg9EJFBMx5Q?feat=directlink

Ela está super meiga na foto, mas ao mesmo tempo com um olhar forte. Então olhei pra ultima foto e me surpreendi. Essa com certeza é uma foto recente e ela está linda demais.

Última Foto: http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/xUhZG22mGrZjGYbBPTnq4w?feat=directlink

Não que nas outras não estivesse, mas nessa ela se superou. Depois de analisar as fotos por mais algum tempo, achei que estava na hora de tomar banho, mas parei no meio do caminho do banheiro quando vi, em cima da sua mesa do computador, um porta retrato em forma de coração com uma foto dela e de um menino.

Foto do Porta Retrato: http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/88UH9vbZ_Hl-Rvi_aXLVDw?feat=directlink

Na foto ela está loira, então devia ser antiga, mas mesmo assim isso não me acalmou. Aquele aperto no peito que eu sentia toda vez que eu pensava nela com outra pessoa apareceu de novo. Eles parecem se conhecer muito bem pela cumplicidade da foto e ela parece feliz ao lado dele. Tenho que me lembrar de perguntar quem é ele depois.
Resolvi ir logo pro banho antes que eu visse outra coisa que eu não gostasse. Como eu imaginei, o banheiro também estava impecável.
Tomei uma chuveirada rápida e desci. Os meninos já estavam sentados no sofá e logo depois que eu sentei as meninas chegaram com pipocas, refrigerantes e uma panela enorme de brigadeiro.
Comemos tudo e eu e os meninos ficamos encarregados de limpar a sujeira enquanto as meninas ficaram na sala pensando em algo para fazermos.
Já estávamos na cozinha. Resolvemos nos organizar assim: eu fiquei encarregado de lavar a louça suja e o Joe de secá-la; o Rodrigo ia tirar os lixos; e o Rafael ia levá-los lá pra fora.
Tudo bem até aí. Mas como sempre, a presença do Joe nos trás problemas e dessa vez não foi diferente.


PDV Thaís
Eu estava na sala discutindo com a Nathe sobre o que faríamos quando os meninos terminassem de limpar a cozinha, quando de repente ouvimos um estouro. Levantei na hora e fui direto pra cozinha com a Nathalia logo atrás.
Quando chegamos lá, o Taylor estava com uma cara de assassino, o Joe com cara de desesperado e os outros dois olhavam sem entender nada, assim como eu e a Nathe.
- O que ta acontecendo aqui? – Perguntei.
- Er... Nada. – Respondeu o Joe sorrindo amarelo enquanto chutava algo pra trás da bancada.
- Tem certeza Joe? – Perguntou o Tay com uma sobrancelha levantada.
- Ahh... É que eu tava secando o prato, mas de repente bateu um vento e ele caiu. – O Joe disse.
- Mas não ta ventando hoje Joe. – Disse a Nathe revirando os olhos.
- Na verdade, foi uma ventania repentina. – Ele disse olhando pra porta da cozinha que dava pra piscina.
- E o que você jogou pra trás da bancada? – Perguntou a Nathe desconfiada.
- Eu? Eu não joguei nada pra trás da bancada. – Ele disse sorrindo amarelo ainda.
- E o que são esses pedaços de vidro então? – Perguntou o Rodrigo enquanto olhava lá atrás.
- Er... É o prato. A ventania foi forte e jogou ele aí pra trás. – Ele respondeu enquanto pegava os cacos na mão e levantava pra mostrar pra todos. Foi impossível não rir com a situação e quando eu vi já estavam todos gargalhando também.
- Limpa isso Joe e depois vai lá pra sala pra gente resolver o que vamos fazer. – Eu disse e ele apenas assentiu com a cabeça.


PDV Nathalia
No meio daquela confusão na cozinha, acabei pensando em algo pra fazermos e eu tenho quase certeza de que meu plano dará certo.
Quando já estávamos todos na sala, eu resolvi explanar a minha idéia.
- Eu já sei o que podemos fazer. – Eu disse sorrindo e todos me olharam desconfiados. – Nós podíamos jogar verdade e desafio. – Eu completei confiante.
- Eu gostei. – Disse o Rafael.
- Se não tiver nada ligado a tirar a roupa, eu topo. – A Thaís disse hesitante.
- Ahh... Daí não tem graça. – Disse o Joe.
- Vocês aceitam ou não? – Perguntei ignorando comentário idiota do Joe.
- Por mim tudo bem. – Respondeu o Taylor e isso era perfeito pro meu plano, porque com certeza os outros meninos iriam aceitar também e a Thaís por ser minoria não teria como fugir.
- Por mim também. – Responderam o Joe, o Rodrigo e o Rafael. E como eu pensava, só faltava a Tatah que ainda estava pensativa.
- Tatah? E você? – Perguntei. – Nós colocaremos algumas regras e ninguém vai ficar sem roupa. – Eu completei sorrindo.
- Er... Ok. Vamos nos divertir. – Ela disse com um meio sorriso no rosto, provavelmente com medo do que irá acontecer.
- Então vamos as regras. – Eu falei.
– Primeira, nada de tirar a roupa. – A Tatah disse automaticamente fazendo todos rirem.
- Ok, ok. Nada de tirar a roupa. – Eu falei. – E todos terão direito a apenas uma verdade, o resto é só desafio. – Eu completei.
- Fechado. E chega de regras. – Disse o Rafael e todos concordaram.
- Vou lá pegar uma garrafa então. – Disse a Tatah já se levantando pra ir buscar a tal garrafa na cozinha.
Quando a Thaís voltou todos já estávamos sentados numa roda no chão. Ela foi pro lado do Rafael e eu anunciei:
- Vamos começar. Eu rodo a garrafa.


PDV Taylor
A Nathe girou a garrafa e quando ela parou, a boca estava virada pra mim e os fundos pro Joe. Merda! Eu tenho certeza que isso não é um bom sinal.
- Joe pergunta pro Tay. – A Nathalia falou pra gente.
Olhei pra cara do Joe e ele parecia pensativo. De repente um sorriso demoníaco apareceu em seu rosto.
- Então cara, é verdade que você já comeu a Selena? – Perguntou ele descarado.
- Opa! Começamos bem. – Falou o Rafael.
- Er... Aham. – Respondi hesitando.
- OMG! Acho que vou vomitar. – Falou a Nathe com cara de nojo.
- Mas vem cá, você desvirtuou a menina Taylor? – Perguntou o Rodrigo.
- Calma aí. Ela era virgem? – Quis saber o Rafael.
- Ei, é uma pergunta só. Podem ir parando com isso. – Falei me irritando.
- Então é verdade. Sabia! – Falou a Nathalia rindo. – “A mocoronga não pega ninguém! A mocoronga não pega ninguém.” – Ela começou a cantarolar fazendo a Thaís gargalhar.
- Podemos continuar com o jogo? – Perguntei revirando os olhos.
Girei a garrafa e caiu pro Rodrigo perguntar pro Rafael. Ele pensou por um tempo e falou:
- É verdade que você pretende namorar a Thaís?
Uma fúria repentina tomou conta do meu corpo. Eu tinha quase certeza da resposta e isso só me irritou mais. Olhei então pra minha pequena e ela estava mais branca que papel, provavelmente não esperava essa pergunta e muito menos saberia responder caso fosse ao contrario. Fui tirado de meus pensamentos pela resposta do Rafael:
- Bom... A gente ta só começando, mas no que depender de mim a gente pode levar isso mais a sério. – Ele respondeu sorrindo pra ela que retribui com um sorriso simples e sem emoção.
Olhei furiosamente nos olhos de meu melhor amigo. Ele não deveria ter feito essa pergunta.


PDV Rodrigo
O Taylor mantinha um olhar mortal em mim e eu resolvi girar logo a garrafa pra tentar amenizar o clima, mas me arrependi logo que vi como ela parou. O próprio Tay teria que perguntar pra Nathe e o sorriso vingativo que apareceu em seu rosto me deu arrepios.
- Então Nathe, você já avançou no seu relacionamento com o Jackson? – Ele perguntou.
Eu queria sair dali pra não ter que ouvir a resposta, mas antes que eu pudesse me mexer a Nathe começou a responder.
- É claro que sim. A gente ta namorando faz tempo. – Falou ela desinibida como sempre.
Pronto, o Taylor conseguiu se vingar. Agora eu estava tão puto quanto ele.


PDV Thaís
O Jogo continuou calmo e sem problemas e como todos já tinham respondido uma verdade cada, agora só restavam os desafios. Então eu fui até o quartinho da piscina pegar o rádio pra deixar tudo mais animado.
Depois que eu voltei e sentei no meu lugar, a Nathe girou a garrafa e caiu pro Rafael desafiar o Taylor. Ele veio até mim antes e perguntou se eu tinha uma música específica, eu ri assim que ele falou o nome. Assenti confirmando e ele pediu pra eu deixar separada que daqui a pouco ele iria usar contra o Tay. Então, logo depois ele anunciou o desafio.
- Eu te desafio a dançar na boquinha da garrafa. – Ele disse sorrindo. – Ou você vai ter que responder TODAS as perguntas que nós fizermos sobre a sua intimidade com a Selena. – Ele completou com um sorriso maroto no rosto.
Torci pro Taylor escolher fazer o desafio porque eu não queria saber de nada que ele fez ou deixou de fazer com a Selena. E pra minha sorte ou pro bem da minha sanidade, ele preferiu fazer o desafio. O Rafael então colocou a garrafa em pé no meio da roda e eu dei play na música.

Música: http://www.youtube.com/watch?v=JedptNhp4RY.

O Taylor então começou a dançar todo desengonçado e sem saber rebolar, resumindo, ninguém conseguiu segurar o riso. Ele parecia mais vermelho que um pimentão, o que fazia todos rirem mais ainda. Depois de um minuto e meio ele parou e disse que já tinha cumprido o desafio. Todos aceitaram então o próprio Taylor rodou a garrafa e pro meu desespero, caiu pro Joe me desafiar. Gelei só de olhar a cara de safado que ele estava fazendo, mas não tinha jeito, eu teria que fazer o que ele dissesse.
- MUHAHAUAUH! – Ele encenou um riso maléfico e todos riram menos eu. – Eu te desafio a dançar a música Hips Don't Lie da Shakira com o Wyclef Jean. – Ele falou sorrindo. – Ou você vai ter que me dar um beijo. – Ele completou sorrindo mais ainda.
- Fazer uma mulher dançar uma música não é um desafio Joe. – Disse o Rodrigo revirando os olhos.
- Eu sei, mas já que não pode tirar a roupa, eu queria que ela fizesse algo que eu sempre quis ver de perto. – Ele falou dando de ombros e eu corei com o seu comentário, como sempre.
Levantei e arrumei a música.

Música: http://www.youtube.com/watch?v=bEHVw_vcp-A&feature=fvw.

Quando começou a tocar, eu corei mais por antecipação, mas mesmo assim comecei a dançar.
- AAAHHHHH! Eu adooooooro essa música. – A Nathe disse animada e uma idéia surgiu na minha cabeça.
- Então vem dançar comigo. – Eu disse puxando-a pro meio da roda e sorri internamente, porque seria muito mais fácil dançar com ela, já que a atenção não estaria toda em mim.
Dançamos as duas super desinibidas e os meninos literalmente babavam em cima de nós, mas como tudo que é bom e divertido dura pouco, foi assim com a música.


PDV Nathalia
A brincadeira estava ficando cada vez mais engraçada e eu estava me divertindo demais, mas nem por isso esqueci do porquê desse jogo e mais cedo ou mais tarde eu teria que botar meu plano em prática.
Depois de dançar a música da Shakira com a Tatah, eu girei a garrafa e caiu pro Rodrigo desafiar o Joe. Ele pensou por um tempinho, mas acabou logo anunciando com um sorriso divertido no rosto:
- Eu te desafio a se vestir de mulher. Ou você vai ter que dar um beijinho no Rafael. – Disse o Rody enquanto fazia sons de beijos.
- Ow... Sai daqui cara. – Falou o Rafael empurrando o Joe que estava sentado ao seu lado e todos riram.
- Eu sempre me ferro, cara. – O Joe disse fazendo cara de coitadinho e depois perguntou: - Onde estão as roupas de mulher?
Nós rimos mais e eu me virei pra Thaís.
- Vamos produzir ele amiga. – Eu disse pra ela.
- Vamos. Você vai ficar um luxo Joe. Uma verdadeira diva. – Ela falou, nós levantamos e puxamos ele pelas escadas até o banheiro social da casa.


PDV Rafael
Eu e os meninos estávamos anciosos pra ver como o Joe ficou vestido de mulher. A Tatah e a Nathe estavam lá em cima com ele fazia uns dez minutos e nós podíamos ouvir a risada delas daqui. Depois de mais alguns minutos as vozes começaram a se aproximar e nós nos viramos pra escada. Quando eles apareceram no primeiro degrau, nós conseguimos ver como o Joe tinha ficado. Ele estava ridiculo. Usava uma mini-saia rosa que ficava extremamente apertada nele, um top florido que deixava toda sua barriga de fora e um sapato rosa choque de salto alto que não cabia no pé dele.

Roupa do Joe: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=14633130.

Seu rosto estava completamente maquiado com rímel, sombra verde e blush e batom rosa. As meninas o seguravam, uma de cada lado, pra ele não cair com aqueles saltos. Em menos de cinco segundos nós três já estavamos se contorcendo no chão se tanto gargalhar.
- Bom gente, essa é a nossa amiga Jane. – A Nathe falou apontando os dois braços pro Joe.
Assim que consegui me recuperar do ataque de riso, falei:
- Ui gracinha, me deixa ser seu Tarzan.
- Ô lá em casa. – Falou o Rody logo depois.
- Agora eu aceito o beijo que o Rafael não quis. – Completou o Taylor fazendo beicinho pra beijar o Joe e nós voltamos a gargalhar.


PDV Taylor
Eu já estava ficando com dor na barriga de tanto rir da “Jane”. Percebi que depois das piadinhas que fizemos, o Joe pareceu se irritar. Ele levantou o dedo na nossa direção e começou a falar mais alto que as nossas risadas.
- Olha aqui, vocês não vão ficar me zu... – Enquanto falava, ele resolveu andar até a gente e “PLAFT”, ele se desequilibrou com o salto e caiu de quatro no chão, rasgando a saia que estava apertada na perna dele.
As meninas bem que tentaram segurar o riso, mas foi impossível. A cena era muito deprimente. Depois que todos conseguiram se acalmar, o Rodrigo decretou:
- Você tem que ficar assim até a hora que nós formos dormir. – Todos estavam segurando o riso, mas depois que o Joe fez uma careta, não deu mais e nós caimos na gargalhada de novo.
- Não sei se eu vou conseguir me segurar até lá. – Disse o Rafael enquanto passava a mão na coxa do Joe.
- Ihh... Qual é cara... Tá me estranhando? – O Joe perguntou estressado.
Todos estavam rindo até chorar, mas decidimos parar antes que o Joe atacasse alguém. Então o jogo prosseguiu.
Quem girou a garrafa dessa vez foi o Rafael e assim que ela parou, eu sorri diabolicamente pensando na vingança que eu faria com ele, já que seria eu que o desafiaria.
- Eu te desafio a cantar a música “Barbie Girl” com tudo que tem direito. – Eu disse sorrindo. – Ou você se junta ao Joe pra formar uma dupla de travecos. – Eu completei rindo.
Ele hesitou um pouco, mas acabou decidindo por cantar mesmo. A Tatah foi até o rádio e colocou a música.

Música: http://www.youtube.com/watch?v=dgcK1FTt2OY&feature=related.

Um segundo depois o Rafael começou a cantar fazendo cara de prostituta enquanto passava as mãos no cabelo e desmunhecava.
Aquilo estava hilário e até o Joe que antes estava irritado agora ria descontroladamente.
Dois minutos depois a Thaís desligou o rádio, voltou a sentar no seu lugar e a Nathe voltou a girar a garrafa, pra mais uma rodada.


PDV Thaís
Depois do showzinho do Rafael eu sentei no meu lugar, esperando pelo próximo desafio. A Nathe girou a garrafa e eu fiquei apreensiva quando vi como ela parou. O que eu não esperava era eu ser desafiada, de novo, e apesar de não ter feito nada demais no primeiro desafio, eu tinha certeza que nesse será diferente, simplesmente porque será a Nathe que me desafiará.


PDV Nathalia
O destino com certeza está a favor desses dois e agora eu vou poder enfim colocar o meu plano em prática.


PDV Thaís
Ela abriu um sorriso triunfante, como se estivesse esperando que isso acontecesse desde o começo. Todos passaram a olhá-la esperando que ela falasse. Ela pensou por mais alguns segundos e depois anunciou:
- Eu te desafio a beijar o Taylor, Tatah. – A Nathe falou sorrindo pra mim.
O QUE? Ela estava ficando louca? Só podia ser!
- De jeito nenhum! – Falei automaticamente e me virei para olhar o Tay. Ele olhava pra Nathalia com uma cara tão incrédula quanto a minha.
- Então você prefere beijar o Joe? – Ela perguntou com uma sobrancelha levantada.
Ah não! O Joe não! É claro que ela estava fazendo de propósito, assim eu teria que beijar o Taylor de qualquer jeito. Mas por que ela estava fazendo isso? Por que ela iria querer que eu beijasse meu melhor amigo?
- Eu não vou fazer isso! – Resmunguei mesmo sabendo que não adiantaria.
- A gente fez as coisas do seu jeito e estamos todos vestidos. Mas disso você não vai poder fugir. – Ela disse e era exatamente o que eu esperava ouvir.
Olhei pra Nathe de novo e lá estava ela com um sorriso sacana no rosto. Ela foi até o rádio e selecionou uma música, sem coloca-lá pra tocar.
- Você vai me beijar Tatah? – Perguntou o Joe animado.
- Claro que não “Jane”. Beijar meninas não é comigo. – Eu disse e todos riram.
- Então você vai beijar o Taylor, né?! – Perguntou a Nathe e eu acho que vi os olhos dela brilharem. Aposto que ela planejou tudo isso.
- Sim, sim. Algum problema pra você Tay? – Perguntei olhando pra ele.
- Não, nenhum. – Ele disse e sorriu. Sim, aquele sorriso que mata qualquer uma.
- Hahaha... A Selena vai virar corna. - Falou o Joe rindo. Os olhos da Nathe brilharam intensamente com esse comentario enquanto o Taylor revirava os dele.
- Ok. Ok. Vamos acabar logo com isso. – Eu disse em pé, esperando o Taylor, enquanto os outros formavam de novo a roda e a Nathe ia até o rádio colocar uma música.

Música: http://www.youtube.com/watch?v=8JeuKf-J9Qo&feature=related.

Reconheci o que estava tocando logo que começou as primeiras notas já que é uma das minhas canções favoritas.

So lately, been wondering
(Ultimamente, tenho pensado)
Who will be there to take my place
(Quem ocupará meu lugar)
When I'm gone, you'll need Love
(Quando eu me for, você vai precisar de amor)
To light the shadows on your face
(Para iluminar as sombras do teu rosto)
If a great wave shall fall
(Se uma grande onda cair)
And fall upon us all
(E cair sobre nós todos)
Then between the sand and stone
(Então entre a areia e a pedra)
Could you make it on your own
(Você conseguiria se virar sozinha?)”

O Taylor então se levantou e quando ele foi se aproximando um nervosismo tomou conta do meu corpo e as minhas pernas começaram a ficar bambas.

If I could, then I would
(Se eu pudesse, então eu iria)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)
Way up high or down low
(Bem lá em cima ou lá embaixo)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)

And maybe, I'll find out
(E talvez eu descubra)
A way to make it back someday
(Um modo de conseguir voltar algum dia)
To watch you, to guide you
(Para cuidar de você, para te guiar)
Through the darkest of your days
(Nos seus dias mais negros)
If a great wave shall fall
(Se uma grande onda cair)
And fall upon us all
(E cair sobre todos nós)
Then I hope there's someone out there
(Então eu espero que haja alguém lá)
Who can bring me back to you
(Que possa me trazer de volta para você)”

Ele foi encurtando a distancia que nos separava sem tirar os olhos dos meus lábios e quando estava perto o suficiente, fechou os olhos e roçou sua boca na minha. Tremi involuntariamente enquanto sentia choques pelo meu corpo inteiro. Resolvi acabar logo com isso e capturei seus lábios quentes e macios de uma vez. Senti mais choques, mas não eram nada ruins, eram choques de prazer, de felicidade.

If I could, then I would
(Se eu pudesse, então eu iria)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)
Way up high or down low
(Bem lá em cima ou lá embaixo)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)

Run away with my heart
(Foge com meu coração)
Run away with my hope
(Foge com minha esperança)
Run away with my Love
(Foge com meu amor)”

Enquanto pedia passagem pra aprofundar o beijo ele segurou a minha cintura com uma mão e deixou a outra firma na minha nuca. Me senti segura e protegida como nunca antes. A sensação de beijar o Taylor é completamente diferente do que eu pensei, o nosso beijo é intenso e cheio de significados.

I know now, just quite how
(Agora eu sei exatamente como)
My life and love might still go on
(Minha vida e o meu amor poderão continuar)
In your heart, in your mind
(Em seu coração, em sua mente)
I'll stay with you for all of time
(Eu ficarei pra sempre com você)

If I could, then I would
(Se eu pudesse, então eu iria)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)
Way up high or down low
(Bem lá em cima ou lá embaixo)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)”

Nossas línguas se acariciavam delicadamente. Minhas mãos instintivamente foram para os seus cabelos, bagunçando-os, enquanto ele me puxava mais ao seu encontro, fazendo nossos corpos ficarem mais colados ainda. Naquele momento não tinha nada, nem ninguém ao nosso redor. Éramos só nós dois e a música ao fundo. O ar começou a faltar e nós nos separamos ao mesmo tempo em que era cantada a ultima parte da música.
Corei quando vi que todos nos olhavam admirados e desconfiados, mas não me arrependi nem um momento de ter aceitado esse desafio. Resolvi me sentar no meu lugar de novo, já que não conseguia encarar o Taylor de tão envergonhada que eu estava. Mas mesmo assim eu estava me sentindo bem, bem de um jeito que eu nunca tinha me sentido antes.


PDV Taylor
Quando a Nathe desafiou a Tatah a me beijar, na hora eu pensei que ela iria recusar. Acabou sendo exatamente como eu pensei, mas o que eu não esperava era que a Nathe pusesse ela contra a parede. Ou a Thaís me beijaria ou beijaria o Joe. Até pensei que ela fosse desistir do desafio e falar que estava na hora de dormir, mas ela me surpreendeu perguntando se tinha algum problema pra mim. Neguei e assim que fiz isso vi os olhos da Nathe brilharem. Aposto que ela planejou isso e nós só facilitamos.
Fui tirado dos meus pensamentos quando vi que a minha pequena estava em pé, no meio da roda, me esperando. Levantei automaticamente enquanto a música começava a tocar e fui até ela sem deixar de olhar sua boca. Uma ansiedade que eu nunca senti antes se apoderou de mim e eu fui encurtando a nossa distância. Quando eu estava perto e senti a sua respiração se entrelaçar com a minha, choques começaram a percorrer o meu corpo e eu fechei os olhos pra sentir melhor essa sensação. Sem perder mais tempo rocei meus lábios nos dela e não demorou muito pra ela capturar os meus. Senti choques mais fortes pelo corpo e aprofundei o beijo, segurando-a firme pela cintura com uma mão enquanto a outra se entrelaçava no seu cabelo macio. Nossas línguas dançavam juntas, como se tivessem sido feitas pra isso e nossos lábios se moviam com uma sincronia perfeita. Perdi a noção de lugar, tempo, de tudo quando ela entrelaçou seus dedos no meu cabelo, os bagunçando. Em resposta a puxei pra mais perto de mim, como se isso fosse possível.
Nunca senti nada igual as sensações que sinto agora, enquanto a beijo. Sua boca tem um sabor diferente de todas as outras que eu já beijei. É um gosto doce, mas nem um pouco enjoativo. Simplesmente perfeito. O ar começou a faltar nos nossos pulmões, fazendo nós nos separarmos. E quando isso aconteceu, eu me lembrei onde estava e com quem estava.
Nesse tempo que ficamos parados sem saber o que fazer eu ouvi a última parte da música que a Nathe colocou pra esse momento, e era exatamente assim que eu me sentia.

If I could turn back time
(Se eu pudesse voltar no tempo)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)
If I could make you mine
(Se eu pudesse fazer com que você fosse minha)
I'll go wherever you will go
(Eu vou aonde quer que você vá)
I'll go wherever you will go.
(Eu vou aonde quer que você vá.)”

Eu queria voltar no tempo. Voltar pra época que ainda éramos crianças e não deixá-la se mudar tão facilmente como eu deixei, mas como não é possível, farei o possível pra ir aonde ela for a partir de agora. Eu quero e vou fazê-la ser minha. Independente do que a vida nos reserva, independente do tempo, independente de tudo.
A música acabou e eu achei melhor sentar no meu lugar, mas a minha pequena foi mais rápida. Ela estava extremamente corada e não me olhava nos olhos. Isso de certa forma me machucou, mas o Joe fez questão de me fazer esquecer isso por um momento.
- UAU! Que fôlego, hein?! Já tava até procurando a pipoca, porque parecia um beijo de filme de cinema ao vivo. – Ele disse sorrindo e a Tatah corou mais ainda.
- Ok. Agora vamos continuar com o jogo. – Eu disse inquieto enquanto sentava no meu lugar e a Tatah pareceu me agradecer silenciosamente.


PDV Nathalia
Eles realmente foram feitos pra ficarem juntos. Será que sou só eu que vejo isso?
Acho que depois desse beijo o Taylor vai se tocar do que eu ando falando pra ele ultimamente e a Tatah, por sua vez, deixará de ser tão desligada em relação a isso também.


PDV Thaís
Assim que o Taylor e a Nathe sentaram nos seus lugares, o Joe girou a garrafa e eu não pude deixar de sorrir quando vi como ela parou. Agora eu iria me vingar. Nessa rodada eu desafiarei a Nathe e nem precisei pensar muito. Saí logo decretando o desafio.
- Eu te desafio a beijar o Rodrigo. – Eu disse sorrindo de orelha a orelha. – Ou você beija o Joe. – Completei sorrindo mais ainda por saber que ela nunca beijaria o Joe.


PDV Nathalia
O QUE? Ela só pode estar brincando né?! Na verdade, está mais parecendo uma vingança e eu não teria como fugir.
ESPERA! Acho que sei como sair dessa. Quero só ver a cara da Thaís quando eu fizer isso.
- Ok. Eu beijo o Rodrigo. – Falei decidida.


PDV Rodrigo
O QUE? Como assim? A Thaís só pode estar de brincadeira. Eu não posso fazer isso. Só vai piorar a minha situação.


PDV Taylor
Coitado do Rodrigo. A Thaís não podia ter feito isso com ele. Se bem que do jeito que ela é desligada, nem deve ter percebido o que ele sente pela Nathe. Bom, agora eu vou ter que agüentar as lamentações do Rody a semana inteira. Quem mandou eu escolher um cara depressivo pra ser meu melhor amigo. Agora agüenta Taylor.


PDV Nathalia
Eu me levantei e fui para o meio da roda. Olhei pro Rodrigo e ele ainda estava sentado me olhando com uma cara estranha.
- Anda Rody. Vai me deixar aqui esperando? – Perguntei impaciente querendo acabar logo com isso.
- Haha. O Jackson também vai ganhar uns chifres. Vai até ficar legal com aquele topete dele. – Falou o Joe rindo de sua própria piada.
- E se você não calar a boca Jane, vai ganhar dois olhos roxos pra combinar com a sua maquiagem. – Falei enquanto o fuzilava com os olhos.
Estendi a mão pro Rodrigo e ele veio até mim. Enquanto ele se aproximava fiquei olhando seu rosto. Apesar de ainda estar com a mesma expressão estranha, seus olhos azuis estavam cheios de expectativa. MEU DEUS, ele precisa ser tão lindo?
Quando o Rody estava apenas a centímetros de mim quase desisti do meu planinho de zoar a Thaís e o beijei de uma vez, mas o que deu em mim? Eu estou namorando o Jackson e está tudo muito bem conosco. Além disso, o Rodrigo é quase um irmão pra mim. Nos conhecemos a tanto tempo! Eu não posso sentir vontade de beijá-lo assim de uma hora pra outra.
Quando consegui me recuperar do meu surto momentâneo, resolvi que já estava na hora de dar um fim naquilo. O Rody passou uma mão com delicadeza pela minha cintura e deu mais um passo, acabando de vez com a distância que nos separava. Tentei ignorar os arrepios que tomaram conta de mim quando ele tocou meu corpo e eu pude sentir sua respiração acelerada tão próxima do meu rosto.
Ele fechou os olhos esperando que eu desse o primeiro passo e eu entrelacei meus dedos em seu cabelo só pra fazer um teatro. Quando eu finalmente encostei meus lábios nos dele, mais arrepios passaram por cada centímetro de mim, mas antes que as coisas ficassem piores, eu lhe dei um selinho e me afastei dele.


PDV Rodrigo
Eu esperei por esse beijo por muito tempo e agora que tenho a oportunidade, não sei o que fazer. Depois de levantar e me aproximar dela, decidi acabar logo com essa tortura e passei uma mão em sua cintura, talvez com delicadeza demais e dei mais um passo na sua direção. Minha respiração que já estava acelerada acelerou mais ainda quando eu aproximei meu rosto do dela.
Fechei meus olhos esperando ela tomar a iniciativa enquanto ela entrelaçava os dedos no meu cabelo. Ela queria me enlouquecer, só pode.
Então o nosso momento finalmente chegou e ela selou nossos lábios. Arrepios e choques percorriam o meu corpo, mas quando eu pensei em aprofundar o beijo, ela se afastou.
Foi só isso? Nem deu tempo de eu sentir o gosto da boca dela direito, mas apesar de estar decepcionado e frustrado, foi melhor assim. Eu não posso me dar ao luxo de ter esperanças. Ela tem namorado, eles estão felizes juntos e é isso que importa.


PDV Thaís
A Nathe já estava no meio da roda esperando o Rodrigo e todos observavam atentos, principalmente eu.
Quando ele estava se aproximando dela, pude jurar que vi os olhos dos dois brilharem, mas não era só expectativa, era algo mais.
Esperei atenta e quando ela encostou os seus lábios nos dele, só faltou ele pular de alegria, mas cedo demais ela se afastou.
“ESPERA! ISSO NÃO FOI UM BEIJO!” – Eu gritava mentalmente enquanto a Nathe sorria, como se já tivesse planejado isso.
- Desafio cumprido. – Ela disse enquanto sorria mais ainda.
- Claro que não. Isso NÃO foi um beijo. – Eu falei irritada frisando bem o “não”.
- Então foi o que? – A Nathe perguntou presunçosa.
- Foi um selinho. – Eu disse perdendo a paciência.
- E selinho é o que? – Ela perguntou sarcástica.
- Não é um beijo. – Eu falei me segurando pra não gritar.
- É claro que é e você sabe disso. – A Nathe disse sorrindo de orelha a orelha.
- Mas eu tive que beijar o Taylor. – Eu falei.
- Porque vocês quiseram. – Ela falou e olhou pra mim e pro Taylor com um sorriso malicioso.
- Essa discussão ta me dando sono. Acho que vou me deitar. – O Joe disse bocejando.
- Eu também. Pode nos levar até o quarto Thaís? – Perguntou o Rafael meio seco.
- Claro. – Eu respondi pra ele enquanto respirava pra me acalmar. – Vou lá em cima e já volto pra arrumar essa bagunça. – Eu falei pra Nathe, pro Rody e pro Taylor enquanto subia as escadas.


PDV Nathalia
Assim que a Thaís subiu com os meninos, o Rodrigo foi até a cozinha levar a garrafa e o Taylor veio falar comigo.
- Você jogou sujo Nathe. – Disse ele me acusando.
- Eu não fiz nada demais Taylor. Quem fez foi vocês. – Falei me referindo ao beijo dos dois e ele revirou os olhos.
- Mas agora posso saber o porquê de você ter desafiado ela a me beijar? – Ele perguntou.
- Tem certeza que você não sabe? – Disse sarcasticamente enquanto levantava uma sobrancelha.
- Vai começar com essa história de que nós somos apaixonados de novo? - Ele perguntou suspirando.
- Claro que vou. Você sempre foge! – Respondi.
- Eu não fujo de nada. É que simplesmente as coisas que você fala não tem fundamento.
- Sabe Taylor, quando você deixar de ser tão durão, vai parar de insinuar que eu sou louca e vai me agradecer por ter feito essa brincadeira com vocês. – Falei cheia de certeza na voz.
Logo depois disso o Rodrigo voltou e nós resolvemos parar com o assunto.


PDV Rafael
Eu fiquei intrigado com o beijo do Taylor e da Tatah. Não pareceu um simples beijo de desafio, tinha algo mais ali.
Isso não era o pior, o pior era ter que vê-la beijá-lo na minha frente.
Na hora eu senti uma vontade louca de interromper aquela palhaçada, mas não queria dar uma de possessivo, muito menos demonstrar o ciúme que eu sinto dela.
Decidi então conversar com ela e resolver isso de uma vez.


PDV Thaís
Levei os meninos até o quarto de hóspedes que eles ficariam e o Joe não demorou a entrar, mas o Rafael parou no corredor em frente à porta e a fechou. Não estava entendendo nada até ele perguntar:
- Posso falar com você agora?
- Claro. – Respondi sorrindo, mas ele não parecia nada feliz.
- O que foi aquilo lá embaixo? – Ele perguntou sério.
- Aquilo o que? – Perguntei tentando descobrir do que ele estava falando.
- Aquele beijo. – Ele respondeu com a mesma expressão.
- Foi um desafio ué. Tudo culpa da Nathe. – Eu disse revirando os olhos.
- Pareceu muito real pra ser só um desafio. – Ele falou emburrado. Agora está explicado. O Rafael está com ciúmes.
- Você está com ciúmes Rafa? – Perguntei divertida.
- Claro que não. Só to dando a minha opinião. – Ele disse dando de ombros. – Agora eu vou deitar. Boa noite.
- Boa noite. – Eu falei, dei um beijo na sua bochecha e sai andando.
Desci as escadas e fiquei surpresa quando vi tudo arrumado. Decidi então subir com eles pra nos arrumarmos pra dormir.
Deixei a Nathe no meu quarto prometendo não demorar e fui com os meninos até o outro quarto de hóspedes.
Chegando lá, eu fui direto até o armário pra pegar um segundo cobertor que tinha guardado ali. Entreguei-o pra eles, dei um beijo na bochecha do Rodrigo e desejei boa noite pra ele. Logo depois fui até o Taylor, e apesar de ainda estar constrangida por causa do beijo, desejei boa noite e dei um beijo na sua bochecha também. Mas quando eu ia sair, ele me puxou e me abraçou forte.
- Agora sim é um “boa noite” decente. – Ele sussurrou no meu ouvido, me deixando arrepiada com a proximidade dos nossos corpos e com a sua voz rouca no meu ouvido.
Saí do quarto logo depois, mas quando estava fechando a porta, ainda consegui ouvir o Rodrigo falar:
- Esse é o meu garoto.


PDV Taylor
Quando a minha pequena subiu, decidi arrumar a bagunça pra ela. Terminamos de ajeitar tudo e eu fui falar com a Nathe enquanto o Rodrigo estava na cozinha. Ela veio de novo com o assunto de que eu e a Tatah somos apaixonados um pelo outro e isso já estava começando a me irritar. Neguei como sempre e não demorou pro Rodrigo voltar e nós paramos de conversar sobre isso.
Assim que a Thaís desceu, nós todos subimos. Ela deixou a Nathe no quarto dela e nos acompanhou até o quarto de hóspedes. Lá ela pegou um segundo cobertor pro Rodrigo e deu boa noite pra ele. Pude perceber que ela ainda estava envergonhada por causa do beijo e só confirmei quando ela veio até mim, me deu um “boa noite” seco, um beijo na bochecha e foi saindo. Não podia deixá-la ir sem se despedir decentemente de mim, então a puxei pra um abraço forte e cheio de significados. Os mesmo choques que eu senti antes voltaram, e um misto de alegria e possessão se apoderou de mim. Passamos uns segundos assim, e antes dela sair, sussurrei no seu ouvido que esse sim era um “boa noite” decente. Ela sorriu sem graça e saiu. Quando a porta já estava fechada, me virei e dei de cara com o Rodrigo me olhando com uma cara de safado.
- Esse é o meu garoto. – Ele disse sorrindo, eu peguei o travesseiro e taquei nele. Ele começou a rir e eu me deitei, pegando os dois cobertores porque estava frio.
- Ahh... Qual é Taylor... Ta frio pra eu ficar sem cobertor. – Ele resmungou.
- Vai lá pedir outro pra Tatah então. – Eu disse sério e a última coisa que ouvi antes dele fechar a porta foi ele me xingando.


PDV Rodrigo
Não acredito que o Taylor pegou os dois cobertores. Agora estou tendo que ir até o quarto das meninas pra pedir outro cobertor pra Thaís.
Fui andando em silêncio até a porta do quarto dela. A porta estava entreaberta e eu preferi ver o que elas estavam fazendo antes de bater.


PDV Thaís
Cheguei ao meu quarto e vi a Nathe olhando pros meus pôsteres na parede.
- Gostou? – Perguntei sorrindo.
- Você arrasou nesse com o dedinho na boca. – Ela respondeu sorrindo também. – Nunca imaginei que você já tivesse sido loira.
- É bom mudar de vez em quando. – Eu disse e fui pegar os pijamas.
- Eu sei, mas acredita em mim amiga, você é muito melhor morena. – Ela disse analisando a foto.
- É, eu também acho isso. – Eu disse dando risada. – Agora vê se esse pijama ta bom. Eu tenho esses dois iguais. A gente podia usar cada uma um. - Falei mostrando os baby dolls pra ela. Os dois eram um shortinho com uma blusinha sem manga. Um era branco e outro era roxo.

Baby Dolls: http://www.imagebam.com/image/e4cabc89697782 e http://www.imagebam.com/image/3dfabd89697792.

- Tá ótimo amiga. Eles são lindos. Qual você vai usar? – Ela me perguntou.
- Qualquer um ta bom pra mim. Pode escolher o que você quiser. – Disse pra ela.
- Então eu quero o roxo. – A Nathe falou enquanto pegava o pijama na minha mão. – Posso me trocar no seu banheiro? - Ela completou.
- Claro. Vai lá. – Respondi.
Nós nos trocamos e enquanto nos preparávamos para dormir, resolvi perguntar a ela um pouco mais sobre as coisas que ela sentia. Eu tinha visto os olhos dos dois quando a Nathalia e o Rodrigo deram aquele selinho irritante. Era impossível que ela não enxergasse que eles deveriam estar juntos.
- Me diz Nathe, você está feliz com o Jackson? – Comecei de uma maneira mais light.
Ela me olhou por um segundo estranhando a pergunta, mas logo respondeu:
- É claro que sim. Ele é TUDO de bom. Você sabe disso. – Ela falou sorrindo pra mim. Aquele não era um sorriso que uma pessoa apaixonada deveria dar. Era mais um sorriso de poder e satisfação, mas estava longe de ser de paixão.
- Eu sei que ele é, mas eu não estou falando disso. To falando de amor Nathe. – Falei olhando o rosto dela.
- Ah. – Foi tudo que ela conseguiu dizer.
- Você ama o Jackson? – Insisti.
Ela pareceu pensar por um tempo depois respondeu.
- Ah... Você sabe... Eu gosto muito dele. – Ela falou hesitante.
- Já entendi. Você não o ama. – Deduzi o que eu já imaginava.
- Eu não disse isso. – Ela falou de cara feia. – Você sabe, eu gosto de estar com ele. A gente da muita risada junto. A gente conversa bastante. A gente é muito carinhoso um com o outro. E sempre que a gente não se vê eu sinto falta dele. Ele é um namorado perfeito e acho que é isso que importa. – Ela continuou.
- Hum, entendo. Mas você nunca pensou em se envolver com alguém de verdade? – Perguntei frisando as últimas palavras.
- Como assim Tatah? Meus relacionamentos sempre são de verdade. Nunca namorei de mentirinha. – Ela falou como se explicasse algo óbvio a uma criancinha.
- Não é disso que eu to falando. – Disse revirando os olhos. – To falando em se entregar por inteiro pra alguém. Alguém que se entregasse de volta pra você. Que te completasse e te fizesse realmente feliz.
- Ah, eu não sei se essas coisas realmente existem. Eu acho que as pessoas exageram demais. É muito raro encontrar alguém assim como você falou. Devem ter pessoas que passam a vida inteira sem conhecer alguém assim. Eu ainda sou muito nova, acho que ainda vai demorar muito pra eu encontrar uma pessoa que eu ame de verdade e que consiga me amar de volta. – Ela disse com uma expressão meio desacreditada.
- Pra mim essas coisas não têm hora pra acontecer amiga. Às vezes você pode encontrar alguém com quem você queira viver pro resto da vida aos 17 anos, ou talvez essa pessoa só apareça aos 50 anos. – Disse filosofando um pouco.
- É, pode até ser. Mas comigo ainda não aconteceu né? Então eu vou tentando ser o mais feliz possível com o que eu tenho. – Ela falou dando de ombros e abrindo um sorriso.
- Você tem certeza que ainda não aconteceu com você Nathalia? – Perguntei olhando nos olhos dela.
- Aonde você quer chegar Thaís? – A Nathe perguntou desconfiada.
- Não quero chegar a lugar nenhum. Só to tentando te mostrar que às vezes a pessoa certa está mais perto do que você imagina. E mesmo assim você não enxerga.
- Por que você ta me dizendo essas coisas? – Agora ela realmente parecia confusa.
- Não sei Nathe. Você nunca pensou em ter nada com o Rody? – Perguntei finalmente chegando aonde eu queria.


PDV Nathalia
HÃ? O que a Thaís tinha na cabeça? Ela vem com todo esse discurso sobre amor pra no fim perguntar se eu nunca pensei em ter algo com o Rodrigo? Ela devia estar ficando louca, só pode.
- Como assim “você nunca pensou em ter nada com o Rody”? Você bebeu? – Perguntei olhando pra ela com cara de descrença.
- Eu estou muito sóbria e acho que no fundo você sabe muito bem do que eu to falando. Vai dizer que você não sentiu nada com o quase beijo de vocês lá embaixo? – Ela perguntou com uma sobrancelha levantada.
“É claro que eu não senti nada”, pensei comigo mesma, mas logo depois me lembrei dos arrepios que senti quando ele me tocou e da repentina vontade de beijá-lo que eu senti enquanto ele se aproximava. Aquilo foi muito esquisito e não fazia sentido algum pra mim, mas a ponto de pensar em ter algo com ele? Isso era pura loucura!
- Não senti nada que não deveria sentir. – Falei tentando não pensar que isso era uma mentira. – E além do mais ele é como um irmão pra mim. Esse assunto não vai nos levar a lugar nenhum.
Ela suspirou e depois falou mais pra si mesma do que para mim.
- Bem, pelo menos eu tentei.
Assim que ela terminou de dizer isso, alguém bateu na porta e nós viramos o pescoço na direção dela imediatamente.
- Pode entrar. – A Thaís disse.
A porta foi aberta e adivinha quem surgiu bem atrás dela? Sim, o Rodrigo. OMG! Será que ele ouviu alguma coisa? Eu espero desesperadamente que não.


PDV Rodrigo
Não acredito que parei pra ouvir essa conversa. Além de descobrir que eu não consigo esconder o que sinto de ninguém, ainda tive que ouvir a Nathe dizer que me considera como um irmão. Bem feito Rodrigo, isso é pra você aprender a não ouvir a conversa alheia.
Achei melhor interromper logo a falação delas antes que eu ouça outra coisa desagradável pra mim.
Bati na porta e esperei. Depois de alguns segundos a Thaís falou que eu podia entrar. Abri a porta e fui entrando meio tímido. As duas pareciam surpresas por me ver ali, então resolvi ir direto ao assunto.
- Er... Thaís, você pode me emprestar um cobertor? Porque o babaca do Taylor pegou os dois pra ele.
- Claro. Vou lá até o quarto dos meus pais pegar. Já volto. – Ela respondeu sorrindo e saiu do quarto, me deixando a sós com a Nathe.
Estávamos em silêncio e ela não me olhava nos olhos. Ela estava linda demais com aquele baby doll. Na verdade ela ficava linda de qualquer jeito. Mas eu não podia pensar nisso, então resolvi sentar na cadeira que tinha na frente da mesa do computador para não deixar que meus olhos se fixassem nela enquanto eu esperava a Thaís voltar. Graças a Deus eu nem precisei esperar muito, já que dois minutos depois ela entrou no quarto com o cobertor na mão. Agradeci e saí, mas quando estava indo pro quarto de hóspedes, ouvi a Nathe perguntar:
- Será que ele ouviu alguma coisa?
Que diferença faz. Eu nunca terei chances com ela mesmo.


PDV Taylor
Eu não consigo dormir. Toda vez que eu fecho meus olhos as imagens do beijo aparecem na minha cabeça.
Isso estava começando a ficar estranho, já que eu nunca passei uma noite em claro por causa de uma garota e muito menos por causa de um beijo.
Ouvi os passos do Rodrigo no corredor e achei melhor fingir que já estava dormindo, não queria ter que explicar pra ele o motivo da minha insônia. Ele entrou no quarto, deitou na cama e ficou se mexendo, provavelmente estava sem sono também.
Assim que ele parou de se mexer eu tentei dormir, mas não teve jeito. O sono não chegava de jeito nenhum.


PDV Joe
É hoje que eu pego alguém. Na verdade eu vou pegar duas gostosas de uma vez só. Vou realizar uma das minhas fantasias, tendo duas mulheres comigo na mesma cama. Fico ‘animadinho’ só em pensar, mas eu não sei qual o quarto que elas estão, já que a Thaís cismou em me arrumar no banheiro comum. Droga! Vou ter que descobrir sozinho.
Esperei o Rafael dormir e assim que ele começou a roncar eu levantei e saí. Quando saí do quarto me deparei com um dilema. Tinham três portas pra eu decidir em qual entrar. Optei pela primeira porta e sorri ao ver duas silhuetas deitadas na cama com o cobertor até a cabeça.
Caminhei em silêncio até a cama e como tinha um espaço entre as duas eu resolvi deitar ali. Engatinhei devagar até ficar com o meu rosto na altura dos rostos delas, abracei-as pela cintura e sussurrei:
- Acho que não vão mais precisar dos cobertores. Eu estou aqui pra esquentar vocês.
Logo depois disso as duas viraram o rosto pra me olhar, mas estava bom demais pra ser verdade. Assim que elas viraram foi que eu vi que não eram “elas”, e sim “eles”. O Taylor e o Rodrigo. E agora? FUDEU!


PDV Taylor
Eu ainda estava tentando dormir, mas o esforço continuava sendo em vão. Foi então que eu ouvi alguém entrar no quarto silenciosamente. A pessoa andou devagar até a cama e engatinhou até ficar com o rosto na altura dos travesseiros. Pensei que era uma das meninas, porque senti alguém passando um braço pela minha cintura. Esperei pra ver se ela falava alguma coisa. Então depois de um tempo uma voz sussurrou:
- Acho que não vão mais precisar dos cobertores. Eu estou aqui pra esquentar vocês.
Reconheci a voz de imediato, mas não era possível ele estar fazendo isso. Será que ele tinha se revelado depois do desafio? Só me restou tirar a dúvida, então eu virei à cabeça pra ver quem era ao mesmo tempo em que o Rodrigo fez isso. E não deu outra. Era o Joe nos agarrando.
- TA MALUCO JOE? O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI? – Perguntei gritando enquanto nós três levantávamos da cama.
- PIROU? TA QUERENDO SER AFOGADO NA PISCINA DE NOVO, NÉ?! – O Rodrigo perguntou gritando também.
- Calma gente. Eu achei que era o quarto das meninas. – Ele tentou se explicar, mas piorou a situação. Quer dizer então que ele estava planejando abusar das meninas enquanto elas dormiam? Uma fúria dominadora surgiu em mim e pude perceber que aconteceu o mesmo com o Rodrigo.
- O QUE? – Perguntamos na mesma hora.
- Calma. Eu juro que não ia fazer nada demais. – Ele disse e saiu correndo porta afora, fazendo eu e o Rodrigo sairmos atrás dele.
- VOLTA AQUI JOE! – O Rodrigo gritou enquanto corríamos.


PDV Thaís
Eu não conseguia dormir. Toda vez que eu fechava os olhos eu via flashes do rosto do Taylor sorrindo pra mim, das nossas brincadeiras, e principalmente do beijo. Percebi que a Nathe não estava em melhores condições que eu, já que ela se mexia sem parar. Quando eu ia tentar dormir de novo, ouvi gritos vindos do quarto que o Taylor e o Rodrigo estavam e depois os gritos vinham do corredor.
Eu e Nathe levantamos e nos olhamos assustadas. Decidimos ir ver o que estava acontecendo na sala, já que os berros vinham de lá agora.
Quando chegamos lá, nos deparamos com uma cena no mínimo cômica. O Taylor e o Rodrigo corriam atrás do Joe e os três estavam só de cueca. O que será que o Joe tinha aprontado agora?
Desci a escada hesitante e assim que cheguei ao último degrau foi que eles perceberam a minha presença e a da Nathe.
- O que está acontecendo aqui? – Eu perguntei.
- Er... Eles foram lá ao quarto que eu estava pra me chamarem pra brincar de pega-pega. – Disse o Joe sorrindo amarelo, fazendo os outros dois bufarem.
- Taylor? Rodrigo? – Perguntei olhando pra eles.
- O Joe entrou no quarto que a gente tava e tentou agarrar a gente pensando que eram vocês. – Respondeu o Taylor lançando um olhar mortal pro Joe. Eu olhei pra cara da Nathe e nós duas arregalamos os olhos.
- Isso é verdade Joe? – Perguntou a Nathe incrédula.
- Não foi bem assim. – Ele respondeu, a Nathe revirou os olhos e eu continuei com os olhos arregalados.
A Nathe começou a andar e me carregou com ela. Quando percebi, estávamos os quatro correndo atrás do Joe.
- Seu mongolóide, se você pensa que você vai encostar um dedo na gente... – A Nathe gritava furiosa.
- Quando eu te alcançar você vai se arrepender de ter nascido. – Ameaçou o Rodrigo.
- Vou te mostrar que meus músculos não são só enfeite, Joe Jane. - Disse o Taylor quase espumando.
- Meu Deus, eu coloquei um tarado debaixo do meu teto! – Eu falei horrorizada.
- Calma gente. Era só brincadeira. Eu não ia fazer nada. – Gritava o Joe enquanto corria em volta da mesa.
Com toda a confusão de cinco pessoas correndo pela sala, nós não estávamos conseguindo alcançá-lo. Até que enquanto passava pelo sofá, tive uma idéia. Peguei duas almofadas que estavam ali e taquei com toda força nele. Isso o desacelerou e fez com que o Rodrigo o alcançasse. Eu, o Taylor e a Nathe pegamos mais almofadas enquanto o Rody carregava o Joe até o sofá. Começamos a bater nele com elas.
- Isso é pra você aprender. – Disse o Taylor dando uma almofadada na barriga dele.
- Ai. Ai. Ui. Calma. – Era tudo que o Joe conseguia dizer.
- Seu tarado! Nunca mais sonhe em fazer isso. – Eu falei fazendo o mesmo que o Taylor.
Quando o Joe já não estava mais conseguindo respirar direito, nós paramos de torturá-lo e nos jogamos nas poltronas cansados.
- Acho que vamos ter que trancar a porta do meu quarto Nathe. – Eu disse ofegando ainda pasma com aquilo tudo.
- Aaaaaaai – O Joe gemia ao fundo.
- Er... Na verdade, eu vou ficar mais tranqüilo se eu e o Rodrigo pudermos dormir com vocês Tatah. Nós colocamos os colchões no chão do seu quarto e todos dormem lá. – O Taylor falou apreensivo.
- Eu acho uma boa idéia. – O Rodrigo disse. – Assim podemos ter certeza que o Joe não tentará mais nenhuma gracinha. – Ele completou fuzilando o Joe com os olhos.
- Tudo bem. Vou me sentir mais segura assim também. – Respondi sincera.
- Vamos fazer o seguinte então: colocamos o colchão de casal do quarto de hospedes que nós estamos lá no chão, a Nathe dorme com o Rodrigo nele e o eu durmo com você na sua cama, ok?! – O Taylor propôs. Apesar de maluca, a idéia me agradou. Com o Taylor ao meu lado, com certeza eu me sentiria melhor.
- Por mim tudo bem. – Eu disse.
- Por mim também. – Respondeu o Rodrigo.
Agora só faltava a Nathe. Virei pra ver a expressão dela, mas me surpreendi quando a vi, submersa em pensamentos.
- Nathe? – Perguntei temerosa. – O que você acha da idéia? – Completei. Ela pareceu se assustar, mas por fim respondeu.
- Pode ser.
Não levei fé com a resposta dela. Provavelmente ela estava insegura em relação a ter o Rodrigo tão próximo depois da nossa conversa.
- Vocês pegam o colchão então? – Perguntei pro Taylor e pro Rodrigo.
- Aham... Vamos aproveitar e levar o Joe pro quarto dele. – O Rodrigo respondeu e um sorriso maligno surgiu na sua boca.


PDV Rodrigo
A idéia do Taylor é péssima. Eu não vou conseguir me segurar com a Nathe tão próxima a mim, ainda mais com aquele projeto de pijama que ela está, mas por outro lado eu me sentiria mais calmo sabendo que o Joe não ousaria fazer nada com as meninas comigo e com o Taylor ao lado delas. Por fim o meu vício por ela e a vontade de protegê-la falaram mais alto e eu aceitei a idéia.
A Thaís perguntou se eu e o Taylor pegaríamos o colchão, eu assenti e já estava pensando no que fazer com o Joe.
Subimos eu e o Taylor segurando o Joe. Quando chegamos a frente ao quarto que ele estava decidi que devia castigá-lo mais um pouco. Dei um tapa forte na sua cabeça e falei:
- Da próxima vez que você me atacar, não respondo por mim. E se você tentar atacar as meninas outra vez, pode ter certeza que irá se arrepender. Você vai levar um castigo muito pior que almofadas.
O Taylor deu outro tapa na cabeça dele e nós fomos pro outro quarto pegar o maldito colchão.


PDV Nathalia
Não acredito que o Taylor sugeriu isso. Não vai ser legal eu dormir com outra pessoa sem ser o Jackson e nem ele dormir com outra menina sem ser a mocoronga.
Na verdade o problema todo estava em dormir com o Rodrigo. Se sem ele ao meu lado eu não conseguia dormir porque seu rosto vinha na minha mente, imagina com ele ali tão próximo.
Realmente essa idéia do Taylor foi péssima.
- Tatah? O que você achou da idéia do Tay? – Perguntei temerosa.
- De verdade? – Ela perguntou hesitante também.
- É. De verdade. – Respondi olhando pra ela.
- Não gostei nenhum pouco. Imagina só se a Selena descobre tudo o que aconteceu aqui hoje? Ela vai pular no meu pescoço e espalhar pro colégio todo que eu sou uma piranha. – Ela respondeu suspirando e eu me surpreendi com a resposta dela.
- Ela não faria isso. A situação é pior pra ela porque ela ficará como a corna da historia. – Eu falei sorrindo com a possibilidade da Selena ficar sabendo de tudo e terminar com o Taylor.
- Pensando por esse lado. – Ela disse olhando fixo pro porta-retrato de coração em cima da mesa do computador.
- Ele é do Brasil? – Perguntei olhando pro porta-retrato também.
- Quem? – Ela perguntou.
- Ele. – Respondi apontando pro porta-retrato.
- Sim. Ele se tornou meu melhor amigo nesses últimos anos. – Ela respondeu cabisbaixa.
- Você ta sentindo falta dele, né?! – Mais afirmei que perguntei.
- Bastante. – Ela falou.
Quando eu ia perguntar mais sobre o garoto, o Rodrigo e o Taylor entraram no quarto e eu preferi ficar quieta.


PDV Taylor
Quando chegamos ao quarto das meninas elas estavam conversando, mas pararam de falar quando nos viram. Nós arrumamos o colchão no chão e os travesseiros e os cobertores em cima dele.
Assim que terminamos tudo a Nathe levantou e deitou no colchão que estava no chão, sendo seguida pelo Rodrigo e eu fui deitar na cama da minha pequena que já estava deitada olhando pro teto.
Será que ela estava pensando no beijo também? Será que ela anda pensando em mim como eu penso nela?


PDV Thaís
Logo depois que a Nathe saiu da minha cama e deitou no chão, eu deitei também e fiquei olhando pro teto.
Não conseguiria sustentar o olhar do Taylor por muito tempo sem corar ou sem lembrar o beijo.
Tentei dormir, mas como meu pé estava gelado não conseguia.
A Nathe e o Rodrigo já estavam dormindo, ou pelo menos estavam quase, então não daria pra eu levantar e pegar uma meia porque acabaria os despertando.
Eu estava de costas pro Taylor, não sabia se ele ainda estava acordado, mas resolvi virar e ficar cara a cara com ele, apesar da vergonha que eu ainda estava sentindo.
Quando eu virei, fiquei surpresa em ver seus olhos castanhos me encarando e acabei corando. Ele sustentou o olhar, me deixando constrangida.
- Pensei que você já estivesse dormindo. - Ele falou.
- Não consigo. – Respondi olhando pra parede.
- Por quê? – Ele perguntou curioso.
- Meu pé ta gelado.
- Não acredito que até hoje você não consegue dormir quando seu pé ta gelado. – Ele disse rindo.
- Não tem graça e algumas coisas nunca mudam. – Eu falei ainda olhando pro nada.
- Quer que eu esquente seus pés? – E agora? Não vai ajudar muito essa proximidade, mas eu também não conseguirei dormir sem esquentar o meu pé.
- Tem certeza? – Perguntei temerosa.
- Claro. Põe o seu pé aqui nas minhas pernas. – Ele respondeu sorrindo e eu coloquei meus pés ali, mas como estavam muito gelados, ele recuou um pouco.
- Nem eu conseguiria dormir com os pés tão frios assim. – Ele disse.
Eu lancei um sorriso de desculpas para ele e depois perguntei curiosa:
- Mas e você? Porque não dormiu ainda?
- Estava pensando em umas coisas e acabei perdendo o sono. – Ele respondeu dando de ombros. Será que ele também estava pensando no beijo?
- Ahh... – Foi o que saiu da minha boca.
- Tatah? – Ele perguntou hesitante e eu olhei pra ele.
- Hum? – O incentivei a continuar.
- Você não ta chateada comigo por causa do desafio, né?! – Ele continuou. Será que ele tinha reparado que eu estava o evitando por causa disso?
- Claro que não. Porque estaria? – Tentei fingir que estava tudo normal quando na verdade eu estou muito confusa.
- Não sei. Você ta estranha. Parece que ta me evitando. – Ele disse cabisbaixo.
- Nada a ver Tay. – Eu disse sorrindo amarelo.
- Se você diz.
- Eu digo e estou certa, como sempre. – Falei sorrindo.
- Como você é humilde. – Ele falou rindo e me puxou pra um abraço. Os choques e arrepios voltaram a se apossar do meu corpo, mas eu fiz questão de ignorá-los. Acabei deitando no seu peito enquanto ele fazia circulo imaginários nas minhas costas.
- Taylor?
- Oi?
- Você vai mesmo me apresentar o elenco de “Crepúsculo”? – Perguntei com um sorriso automático no rosto.
- Aham. Vou viajar pra gravar na quinta. Você pode ir comigo se quiser. – Ele falou.
- Bem, na verdade, eu queria te pedir mais uma coisa. – Eu disse e levantei minha cabeça pra olhar sua expressão.
- Pede então. – Ele disse sorrindo.
- Er... É que... – Comecei, mas não consegui terminar.
- Pode pedir minha pequena. – Ele me incentivou.
- Ta... É que assim, uma amiga minha que mora no Brasil virá me visitar e ela também é fã de “Crepúsculo”. – Falei e olhei pra parede.
- E você quer saber se ela pode ir às gravações também. Acertei? – Ele perguntou e virou o meu rosto, me fazendo olhá-lo nos olhos.
- Aham... – Respondi.
- Ok. Vou falar com o diretor amanhã. Mas vocês sabem que não poderão tirar fotos lá, né?!
- Aham, mas fora nós podemos né?! – Perguntei.
- Sim. Eu tava até pensando em te levar pra sair no sábado com o elenco. Se você e sua amiga quiserem, claro. – Ele propôs sorrindo.
- Claro que queremos. – Eu respondi e tentei me levantar pra pular de felicidade, mas ele me segurou.
- Calma animadinha. A Nathe e o Rodrigo estão dormindo. – Ele disse rindo baixo.
- Ops. Esqueci. – Falei corada.
- Percebi. Agora vamos dormir. – Ele falou enquanto me abraçava pela cintura com um braço e com o outro começava a fazer cafuné em mim.
- Assim eu vou dormir rápido. – Falei fechando os olhos.
- É essa a intenção. – Ele disse e me deu um beijo na testa.
Antes de dormir, levantei, dei um beijo na sua bochecha e falei:
- Você é o melhor amigo do mundo.
Ele sorriu e me apertou contra o seu corpo. Não demorou muito para o sono chegar, e eu dormi feliz nos braços quentinhos do meu Tay.


PDV Taylor
Depois da conversa com a minha pequena, eu fiquei fazendo cafuné nela e não demorou pra eu sentir a sua respiração ficar mais calma.
Com isso, não pude deixar de pensar em como é bom tê-la tão perto de mim, fazendo eu me sentir completo.
Fiquei observando-a dormir, tão linda e tão frágil. Parece tão indefesa, aparenta precisar de proteção em tempo integral e eu serei esse protetor, jamais deixarei algo a machucar. E foi com esses pensamentos eu dormi muito bem.


PDV Thaís
Acordei no dia seguinte descansada e feliz, mas estranhei estar deitada no peito de alguém.
Levantei a cabeça, vi que era o Taylor e me lembrei da nossa conversa antes de dormir.
Ele estava com uma expressão tão serena agora que eu fiquei com vontade de acariciá-lo e foi o que eu fiz. Passei as pontas dos dedos pelo seu rosto e depois pelo seu cabelo. Ele não acordou, mas quando eu tentei levantar, apertou seu braço em mim, então tive que usar toda a minha força pra tirar o seu braço da minha cintura. Consegui e nem o acordei.
Quando sentei na minha cama, arregalei os olhos vendo a situação que a Nathe e o Rodrigo se encontravam. Eles estavam dormindo de conchinha e o Rody estava com o rosto no vão do pescoço da Nathe. Os dois sorriam, mas dava pra notar que ainda dormiam.
E agora? O que eu faço? Se eu deixar os dois dormindo desse jeito, quando acordarem terá uma Terceira Guerra Mundial aqui em casa e não seria nada legal. Acordar o Taylor também não seria de muita ajuda. A solução vai ser eu mesma desgrudar os dois. Comecei empurrando o Rody, mas ele estava literalmente agarrado na Nathe, então não tinha como soltar. Já estava desistindo quando tive a brilhante idéia de acordá-lo. O cutuquei uma, duas, três vezes e nada. Então na ultima eu cutuquei mais forte e ele acordou. Piscou os olhos algumas vezes e quando viu que estava agarrando a Nathe, ele a soltou assustado. Eu ri baixo. Depois de soltá-la é que ele percebeu que eu tinha visto tudo e me puxou pela mão pro corredor.
- Você não vai contar isso pra ninguém, né?! – Ele perguntou aflito.
- Relaxa. Minha boca é um tumulo. – Eu respondi sorrindo e ele sorriu envergonhado em resposta.
Voltei pro quarto, troquei de roupa e desci pra preparar o almoço. Quando todos acordaram, nós almoçamos e depois cada um foi pra sua casa. À noite meus pais chegaram e contaram em detalhes tudo o que aconteceu na viagem. Logo depois do jantar, eu fui pro meu quarto ler um pouco e pensar sobre tudo o que aconteceu nesse fim de semana, mas acabei dormindo. Não sonhei, mas acordei meio assustada. Acho que era um pressentimento. Algo me diz que hoje não será um dia bom pra eu sair de casa.